quarta-feira, 21 de novembro de 2018

As ciências e a Educação Infantil


           Criança e curiosidade são quase indissociáveis, e é a partir da exploração desta curiosidade que iniciamos a  apresentação das Ciências na Educação Infantil.

            A interdisciplina de Representação do mundo pelas ciências naturais trouxe em seus objetivos a necessidade de refletir sobre as concepções de natureza e sociedade como base de nossas ações; de como os conceitos de espaço e tempo estão ligados quando se trata de explicar os fenômenos da natureza e também de como trabalhar a preservação ambiental. E para que isso se concretize nos foi mostrado uma ciência que deve ser vivida, estimulada e interligada a todo restante dos campos de experiência.

            Experiências  ligadas às ciências também passaram a fazer parte dos meus planejamentos, pois é realmente entusiasmante ver olhinhos arregalados a espera do resultado de algum  experimento, mas principalmente escutar as hipóteses que são levantadas sobre o que irá acontecer e as definições do resultado encontrado em cada experimento. Este também é um dos aspectos que propicia o desenvolvimento crítico de nossos pequenos.


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domingo, 18 de novembro de 2018

As linguagens matemáticas


             Acabada a primeira aula da interdisciplina de Representação do mundo pela Matemática, saí do campus, com a certeza de que sim, é possível ensinar matemática a crianças pequenas e de uma forma lúdica e prazerosa.
            E assim foi desde este dia, muitos planejamentos onde a linguagem matemática teve sempre seu espaço, onde brincando aprendemos a seriar, a classificar, a quantificar e a desvendar as representações dos números. Jogando, fazendo culinária ou cantando a matemática se faz presente.



Marcadores: matemáticaReflexões

A música e a Educ. Infantil


           

           Reafirmo hoje a minha posição de que a música é essencial na Educação Infantil. Através dela auxiliamos a construção das aprendizagens das crianças.
           Em meus planejamentos sempre há a presença de um momento musical, seja ele pela pura audição ou com músicas que tratem de algum tema dentro dos campos de experiências.
           As aprendizagens construídas na interdisciplina Música na escola me deram subsídios para a construção de pelo menos dois projetos, cuja música foi o fio condutor.





quarta-feira, 14 de novembro de 2018

A escola construindo a história

            

            Quando postei minha reflexão sobre o ensino da história, acrescentei uma parte da minha vida em lutas vividas no início da abertura política do país, quando me fiz sujeito da minha própria história. Neste post reconheci que muitas coisas mudaram no panorama do ensino da história e também admiti que muito ainda havia para evoluir.

            Penso que hoje, com a  futura proposta política que nos aguarda está ainda mais em pauta refletir sobre a construção da nossa história e do papel que a escola tem neste panorama.

            Em uma sociedade onde as diferenças, socioeconômicas e culturais são gritantes é chegada a hora de fortalecermos a escola na busca da maior democratização possível e de lutar contra estas diferenças.




Construindo jogos

            
             Os jogos sempre foram um bom instrumento para a construção do  conhecimentos nas crianças da Educação Infantil, com eles podemos abordar todos os campos de experiências e não só proporcionar  a compreensão de regras.

            Sim, o tempo passou e eu ainda acredito que os jogos nos permitem trabalhar as dificuldades das crianças desenvolvendo sua capacidade de observar, descobrir e pensar e que neste jogar as crianças vão aprendendo a resolver problemas em uma busca criativa de soluções. Os jogos permitem também a ampliação do mundo da imaginação e da fantasia e a reelaboração dos conceitos da vida real.

            Neste caminhar, buscando sempre a ressignificação das práticas, muitos jogos foram construídos juntamente com as crianças:  jogos matemáticos, de alfabetização, de movimentação corporal, de imagens, musicais.




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A importância da literatura incluída na Educação infantil

            
            Todos nós sabemos da importância da literatura na vida e na educação. Em minha sala de aula os livros sempre tiveram destaque e sempre incentivei as crianças a folhá-los de forma livre, além das leituras que proporcionei.

            Após a  interdisciplina de Literatura Infanto-Juvenil e Aprendizagem ficou mais fácil planejar ações que envolvam os diferentes aspectos da literatura, assim como mudou meu olhar ao escolher esta ou aquela obra para ser trabalhada. Como nos indicou a professora Ivani, ainda em sua primeira aula·.

Numa sala de aula são muitos mundos. Na escolha de leituras é preciso ter um propósito voltado para a abrangência desses diferentes mundos, pois nem sempre uma mesma leitura impacta do mesmo modo a todos.

            Penso que a busca por esta abrangência e este impacto seja um bom motivo para a cada dia  apresentarmos às crianças os mais diversos gêneros literários. 

            Também costumo incluir em meus planejamentos a produção de textos feitas pelas crianças, sobre temas escolhidos por eles e também com a releitura de algumas histórias que li para eles. Normalmente sentamos na roda e gravo as histórias inventadas por eles e depois as transcrevo. Eles adoram não só escutar suas próprias vozes como também apreciam a leitura que faço de suas criações. 



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domingo, 4 de novembro de 2018

O brincar


                A BNCC, recém-homologada, traz os seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento na Educação Infantil e um deles é o Brincar, assim definido:

Brincar: cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.

            Sempre acreditei na  importância do brincar como ferramenta de aprendizagem e ensino, pois estas são ações que despertam o prazer aumentando  o  seu significado.
            A interdisciplina de Ludicidade e Educação além de demonstrar a importância dos jogos no desenvolvimento  e como recurso pedagógico, nos disponibilizou uma  série de textos e jogos para serem aplicados e construídos com os alunos; o que possibilitou e possibilita até agora colocar o brincar  em destaque em nossos planejamentos e ainda poder justificar teoricamente esta escolha. Isso por que, principalmente na Educação Infantil, muitas vezes os pais não entendem que é brincando que as crianças aprendem.



Referência

Base Nacional Curricular Comum ( BNCC)  disponível em:



infâncias


          
                   Em uma postagem me questionei enquanto educadora como poderia auxiliar  meus alunos a viverem suas infâncias e creio que esta resposta foi sendo construída ao longo deste tempo através do resgate do brincar e da ludicidade. A cada dia vejo o quanto é importante que as crianças aprendam com alegria, aprendam brincando. Que não só o brincar, mas também a interação entre eles proporcionem que vivam sua infância de forma sadia.  O brincar ocupa em minha sala lugar de destaque; todos os dias de diversas formas em vários tempos e espaços busco que meus pequenos aprendam sobre si e sobre o outro. É através do brincar  que procuro proporcionar a eles o conhecimento sobre o mundo.


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sábado, 3 de novembro de 2018

A importância do desenho infantil

         
         

                       Relendo o texto de Analice Dutra Pilar e revisitando minha prática desde 2015, posso reafirmar como foi relevante,  a partir deste texto, a busca de outras indicações teóricas sobre a importância do desenho na educação infantil. Até então sempre gostei de propor às crianças  experiências com o desenho, mas foi a partir desta interdisciplina que pude perceber a importância que este tem  no processo da escrita e com isso busquei intensificar esta prática propondo às crianças diversas formas de desenhar, com os mais diferentes suportes e meios.



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Inicio das reflexões do passado


          

           Reli cada uma das minhas postagens feitas há três anos e percebi que muito pouco mudou entre o que pensava na época e o que penso hoje; pois estar na universidade só me fez reafirmar as posições que tinha antes de nela entrar, então mãos à obra, vamos lá reafirmar posições.  
            O início da faculdade coincidiu com a reelaboração do PPP da escola e da construção de novas ações pedagógicas. Como todos os inícios,  estes também trouxeram dúvidas e medos, e aqui estamos nós três anos e meio depois concretizando e resignificando nossas aprendizagens.
            Hoje, na escola, trabalhar com  os espaços circunscritos é uma realidade bem estruturada; e que a cada dia nos traz a certeza de que nesta proposta de Espaços Circunscritos o professor mais observa e registra do que fala; é o momento de deixar que as crianças explorem e descubram;  que realmente construam o seu conhecimento. E é  este fazer pedagógico que com certeza  fortalece nossa posição de mediadores desta construção.
            Na faculdade é chegada a hora do estágio, momento de concretizar  as aprendizagens na prática.






terça-feira, 11 de setembro de 2018

#PARTIUOITAVOSEMESTRE


#PARTIUOITAVOSEMESTRE



            
             Foi dada a largada para o  oitavo semestre, está mais próximo o fim de uma jornada. O que ecoa pelos corredores é a palavra Estágio, citada em todos os tons de voz. Algumas propagam  preocupação, nervosismo, serenidade, quanto a esta etapa;  outras que está será só a continuidade do que estamos fazendo até então, dentro de nossas salas de aula.
            Mas mesmo que esta seja somente uma continuidade, há na verdade um novo peso sobre este fato. É chegada a hora de colocar em prática e à “prova” tudo aquilo que até então vínhamos pesquisando, estudando, refletindo. Sim, talvez seja somente a continuidade de algo que já estamos construindo dentro das nossas escolas e com nossos alunos, só que com uma nova roupagem. Não é hora de grandes invenções ou escolhas “mirabolantes”, mas sim a verdadeira hora de refletir de forma mais profunda, mais embasada nas teorias até agora vistas e nas que deveremos pesquisar, na prática diária de nosso fazer pedagógico bem como na construção de um futuro TCC.

quinta-feira, 21 de junho de 2018


          Esta semana nos estudos do PNAIC, um texto bem interessante foi dado para que refletíssemos: O brincar, o letramento e o papel do professor, de Nigel Hall.
         O estudo deste texto casou bem com o eixo estudado no PEAD, em Linguagem e Educação, sobre oralidade, escrita, consciência fonológica.
         O texto enfatiza o uso e a presença do letramento nas atividades lúdicas, e da importância de materiais impressos presentes nos espaços de brincar das crianças.
         Na importância das brincadeiras e experiências que apresentem o real como instrumento, como elemento concreto na experimentação e utilização do letramento pelas crianças. Assim será possível a vivência do letramento significativo e colocado de forma intencional.
         Coloca o autor, no texto, a necessidade do letramento ser colocado no contexto do brincar, onde é utilizado para, por exemplo: “fazer compras, almoçar ou jantar em um restaurante, viajar de trem, visitar um hospital e assim por diante.”.
         Diferente de impor um ensino, uma aprendizagem, o letramento colocado no brincar, aqui as crianças escolhe de que forma o letramento entra na brincadeira o que torna a aprendizagem muito mais eficiente. Neste momento é dada às crianças a chance de demonstrarem o que sabem.
          Super-recomendo a leitura não só deste texto, mas de toda a obra de Janet R. Movles.



Referência

Movles, Janet R. A excelência do brincar. Porto Alegre.Artmed.s/a

os temas geradores


              Este texto traz as considerações, sobre as teorias de Paulo Freire, principalmente a respeito dos Temas Geradores e da ação pedagógica dos educadores, estejam eles atuando em qualquer nível de ensino.
              Se concebermos a prática pedagógica  como uma ação social e política, esteja ela aplicada  da  Educação Infantil à EJA, não podemos dissociá-la de um contexto histórico-social concreto. Sendo assim, o uso dos Temas Geradores nesta prática  assume uma grande importância.
            Embora ao idealizar seu método de ensino-aprendizagem, Paulo Freire o tenha feito  buscando a alfabetização de jovens e adultos, penso que os princípios básicos por ele apontados, se fazem presentes e necessários em todas as etapas da educação.
            Sem me ater aqui à descrição das etapas do método, em sua finalidade primeira, prefiro refletir sobre os pontos e conceitos que tornam o método inovador na sua concepção.
           Diálogo:
            A necessidade do diálogo como essencial para a construção do conhecimento, pois esta troca possibilita não só o (re) conhecimento da sua própria realidade como a do outro, e esta discussão crítica é que provoca a transformação. E para Freire a Educação é um ato criador, pois proporciona ao individuo autonomia, consciência crítica e a capacidade de decidir sobre seu fazer, sua história.
           Mediação:
            A mediação existente entre educador-educando, onde há um aprender-ensinando e um ensinar-aprendendo, é o fazer com.
           Valorização do individuo:
            A investigação da realidade concreta do educando e sua posterior problematização. A valorização da sua cultura, dos seus conhecimentos de mundo e das suas experiências vividas. Acreditando que este individuo seja sujeito da sua própria aprendizagem, mas principalmente que estas aprendizagens tenham significado para quem as constrói, pois como expressa Freire no vídeo: A construção da leitura e da escrita na perspectiva Freireana - “Ninguém começa lendo a palavra por que antes da palavra o que a gente tem pra ler, a disposição da gente, é o mundo. E a gente lê o mundo na medida em que a gente o compreende e o interpreta.".
           A práxis:
            Para Freire, a pedagogia-libertadora não pode existir sem a práxis, aquela que é crítica e transformadora da realidade. É o educador refletindo criticamente sobre sua própria prática, agindo, refletindo e a partir desta reflexão novamente agindo para aperfeiçoá-la a cada dia.
           Levando em conta estes conceitos, o trabalho com Temas Geradores pode resultar em grandes aprendizagens e assim proporcionar uma educação transformadora.
           É preciso que enquanto educadores reflexivos nos comprometamos com uma educação que possibilite nos educandos a criticidade, a autonomia, a criatividade, a liberdade e a construção de uma educação verdadeiramente libertadora que valoriza a vida e a construção da história destes sujeitos e do mundo.

sábado, 2 de junho de 2018

Sobre o texto de Hara!


                O resultado de um dos trabalho desenvolvido pelo CEDI (Centro Ecumênico de Documentação e Informação), que nos foi apresentado por Regina Hara, ao final da sua leitura nos trás uma desacomodação a respeito da alfabetização de adultos principalmente quando ela une as teorias de Paulo Freire aos estudos de Emília Ferreiro nos mostrando a respeito da concepção sobre a escrita, que precedem a escola, e da aquisição do conhecimento constituída na ação do sujeito em interação com objeto do conhecimento/meio, fato comum às crianças e aos adultos não alfabetizados.
                No texto a autora retoma, como já vimos em outros textos que tratam do assunto EJA, sobre quem são estes alunos, seu passado de dificuldades em relação aos estudos, bem como as que encontram hoje com suas baixas condições socioeconômicas e na expectativa de que retomar os estudos seja, talvez, a única forma vista por eles para conseguirem mudar esta condição social.  
                Outro ponto trazido neste texto é a análise em relação aos educadores presentes na EJA, da sua dificuldade em encontrar estudos e materiais para este nível e muitas vezes também o seu despreparo para enfrentar os desafios para a prática educativa Outro ponto é a grande incidência de maus resultados nos objetivos propostos tanto de aprendizagem e conscientização política assim como o grande número de abandono durante o processo de alfabetização, sendo neste último fator impulsionado pelas condições de marginalizados impingidas a estes alunos, ao cansaço físico atribuído aos serviços pesados e muitas vezes a pouca prioridade dada à educação frente a necessidades como alimentação,moradia, etc.
                Novamente, no texto fica claro, é essencial a necessidade deste educador, conhecer e respeitar a história de vida do seu aluno e principalmente acreditar que este aluno, mesmo analfabeto, trás consigo muitas informações a respeito da leitura e da escrita, mesmo que não decodifique todas as palavras. Cabe ao educador, no momento de traçar suas estratégias de ensino, valorizar estes conhecimentos ligados à realidade e a afetividade de seus alunos, para desenvolver processos que os auxiliem na leitura e escrita, não só dos códigos e signos, mas na leitura e compreensão do mundo.



Referência
HARA, Regina. Alfabetização de adultos: ainda um desafio. 3. ed. São Paulo: CEDI, 1992.

Descobertas sobre a EJA


            As leituras dos textos de Marta Kohl de Oliveira, Patrícia Guimarães Vargas e  Maria de Fátima Cardoso Gomes são bem marcantes quando nos mostram quem é este aluno da EJA. Estes jovens e adultos tão bem retratados nos textos muitas vezes nos passam despercebidos mesmo que estejam, de uma forma ou outra, em contato conosco.
            Nos dois textos podemos perceber que estes adultos, que entram ou retornam aos bancos escolares, são sujeitos normalmente migrados do interior, com uma frágil condição socioeconômica, que tiveram bem pouco ou quase nenhum incentivo a frequentar a escola quando pequenos, que tem um subemprego e que buscam na escolarização uma oportunidade para melhorar, principalmente a sua condição no emprego ou para poder ir à busca de uma oportunidade melhor.
            Diferente deste adulto, o jovem já é uma figura urbana que embora também tenha sido excluído da escola pertence a uma comunidade mais letrada. Seu tempo dentro da escola normalmente foi maior, seu trabalho já é um pouco melhor, embora ainda possa ser um subemprego, mas percebe-se que o uso da força física e bruta é menor, o que muitas vezes pode lhe permitir um maior aproveitamento destes estudos.
              Sabemos que o cenário de dificuldades destes Jovens e  Adultos  incluem ainda, além da situação de excluídos da escola, a inadequação desta no atendimento a estes indivíduos, no que tange ao currículo, programas, métodos de ensino, mas principalmente à linguagem escolar que são símbolos e regras que não são do conhecimento daqueles que não a frequentam.
            Penso que o primeiro dos conceitos fundamentais para a prática docente da EJA seja, sem dúvida, o conhecer e reconhecer estes alunos enquanto sujeitos da sua própria história e com direito a uma educação que lhes permita produzir conhecimento como parte formadora do exercício da sua liberdade. E para isso é preciso que se conheça o contexto onde vivem estes alunos, suas histórias, suas identidades  e com isso alcançaremos outro ponto importante que é saber o que estes alunos trazem consigo enquanto bagagem de conhecimento, suas aprendizagens, suas competências.
             O diálogo professor/aluno, a interação e colaboração entre professor/aluno, aluno/aluno, motivação, organização do espaço da escola visando uma prática de respeito a partir do entendimento, da vivência e das experiências deste aluno da EJA. A provocação por parte do professor para que este aluno faça uma leitura critica do mundo e a disposição deste professor em buscar contextualizar a vivência deste aluno são fundamentais para que esta seja uma educação bem sucedida. Na interação entre estes fatores surge um processo de desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem que é peculiar para cada indivíduo e a isso devemos valorizar sempre. A individualidade e o modo de aprender de cada um de nossos alunos, suas particularidades e especificidades devem ser sempre respeitadas por aquele educador que realmente acredita que seu aluno é capaz de construir seu conhecimento, sua história e também construir o mundo.



Referências



  • quinta-feira, 31 de maio de 2018

    reflexões, tecnologias


                         Quando pensamos em tecnologias, a primeira coisa que muitas vezes nos vem à cabeça são inovações tecnológicas de ponta, hi-tech, luzes e cores, nesta hora talvez nos esqueçamos de que inovar é, em primeiro lugar, pensar diferente.
                         Devemos entender a Inovação Pedagógica como a busca da reconfiguração de como se entende o conhecimento. Mas, para que esta inovação aconteça,  é necessário romper com as normas e padrões  até então estabelecidos no processo de ensino-aprendizagem, e para isso é preciso ações dentro de um contexto histórico e social.
                          
                                É preciso que os educadores revejam suas posturas e atitudes dentro deste processo; que haja uma democratização dentro de uma perspectiva conceitual e curricular, mas principalmente que a transformação na prática docente resulte na motivação para o crescimento social e intelectual de seus educandos e que desta forma estes, os educandos, tenham condições de agir por si sós na construção do seu aprendizado e da suas histórias.


                      Segundo Rays, o planejamento:

                                               “[...] é um momento do trabalho pedagógico necessário para o processo de                                                        escolarização, pois é a instância decisiva e de previsão da organização das
                                               situações didáticas para um grupo de alunos situados num determinado                                                            momento histórico, visando evidentemente a colaborar na formação de um                                                      determinado tipo de profissional”.

                    As cinco fases do planejamento apontadas por Rays espelham esta integração entre o ato de educar e o ato político, pois iniciam com o conhecimento em primeiro lugar do espaço onde esta escola e estes alunos estão inseridos, passando pelo conhecimento de quem é este sujeito, seus interesses, suas necessidades e principalmente os saberes que já trazem consigo. A partir de todos estes dados estudados e avaliados é que o educador deverá partir para a busca dos objetivos em procedimentos do ensino-aprendizagem que realmente sejam significativos para seus educandos.          Desta forma a avaliação se tornará parte integrante de todo este processo e será um resultado que faça com que o educador possa avaliar não só o desenvolvimento dos seus alunos bem como a sua própria pratica.
                   Destaques sobre os cinco pontos citados por Rays:
                “Escola e realidade social” - Penso que esta é a fase em que “mergulhamos” na comunidade a qual nossa escola pertence, é onde avaliamos todos os fatores que a formam, desde as questões socioeconômicas, passando por questões que dizem respeito às ideologias, à comunicação, etnias, classe sociais e econômicas, meios de produção e todos os outros fatores que nos conduzam à compreensão dos elementos que formam esta comunidade.
             “Retrato sociocultural do educando” - Neste momento avalio as conversas e observações feitas com cada um dos alunos em sala.
             “Objetivos de ensino-aprendizagem e conteúdos de ensino” - A partir da observação e conversa com cada um dos alunos e com o total deles observamos suas necessidades, suas curiosidades e aquilo que desperta suas curiosidades e necessidades.
              “Procedimentos de ensino-aprendizagem” - Dentro do que observamos e apuramos das e sobre as crianças traçamos as metodologias a serem trabalhadas e que desenvolvam as possibilidades de assimilação dos conteúdos apresentados.
             “Avaliação da aprendizagem” - Observação que faz com que reestruturemos nossa prática, com que avaliemos aquilo que nossos alunos aprenderam e apreenderam e que são capazes de tornar significativos para eles. Penso que o registro diário que fizemos nos dá a segurança de refletir e avaliar nossa prática e principalmente nos dá o panorama de que forma e com que significados nossos pequenos estão construindo suas aprendizagens.



    Educar um ato político


                 Muito se engana quem não acredita que o ato de educar é essencialmente político.
                Quando nos deparamos com o texto de Santomé, e este nos expõe a comparação sobre o compartilhamento dos saberes dentro das nossas instituições de ensino com os modelos de produção, podemos perceber que sim, o ato de ensinar é político e por tanto também nos cabe como educadores tomar posição sobre o que queremos para nossos alunos e também o que acreditamos ser verdadeiramente o nosso fazer pedagógico.
                Muitas vezes mudar as estruturas presentes em nossas escolas, como os currículos engessados, os conteúdos fragmentados, pode não ser fácil, mas merece uma boa luta. Penso que se dentro de nossa sala de aula mantivermos posições que transgridam este fazer sempre igual, se proporcionarmos a nossos alunos uma visão mais ampla, mais integrada e uma prática interdisciplinar poderemos de alguma forma conseguir vencer este “ranço” educacional que ainda insiste em se fazer presente em nossas escolas.
                Não resolve usar no discurso um ”palavreado” bonito e moderno, sobre a interdisciplinaridade, currículo integrado, qualidade de ensino, trabalho em equipe, se mantivermos na prática o “cola e copia” de um ano para o outro de textos e atividades, se ainda agirmos como se fossemos os únicos detentores de algum saber, se virarmos as costas aos anseios e curiosidades de nossos alunos, por que foge do planejamento e é preciso “vencer” a planilha de conteúdos. Não podemos ter em nosso discurso as belas frases como: ”Não, eu acredito que devemos fazer a diferença”!, “É preciso investimento na educação”, se na prática nos reunimos na sala de reuniões sem questionar, sem discutir com nossos pares, nossas ações pedagógicas, sem tentar mostrar que sim, estamos fazendo diferente em sala e estamos ali, sem medo, para dividir nossas experiências e buscar aliados pela causa. Se só participamos de formação continuada, quando estas existem, se houver convocação e a possibilidade de levar uma falta, se na prática nada estamos fazendo, quando no caso da Educação de Porto Alegre perdemos as 8 horas de formação mensal, que já eram poucas e agora temos no máximo 4 aos sábados ou 2 horas após o expediente.
                Se dentro de nossas escolas e salas de aulas conseguirmos fazer com que o diálogo entre professor x professor , professor x aluno, aluno x aluno, exista de fato poderemos, com certeza, fazer de nossa docência a diferença e também contribuir para que a autonomia de nossos alunos seja realmente concreta e eficaz proporcionando que a construção do seus conhecimentos e saberes corram paralelamente à construção da sua história e da sua visão de mundo.

    terça-feira, 15 de maio de 2018

    Um agradecimento pelo encantamento de ser aluna

    Um agradecimento pelo encantamento de ser aluna

                O que me encanta em ser aluna é a certeza de que também tenho um bolso de avental para guardar meus tesouros.
                O que me encanta em ser aluna é poder saber que de alguma forma serei escutada, e que meus rabiscos serão entendidos.
                O que me encanta em ser aluna é saber que na hora da dor, alguém vai me olhar no olho e me fazer carinho.
                O que me encanta em ser aluna é ver que tem alguém está ali, me cuidando enquanto subo mais alto, e que se eu titubear vai me dar a mão.
                O que me encanta em ser aluna é ficar de olhos vidrados quando a “profi”, desfaz alguns nós, me mostrando que sim, é possível entender e com isso aprendemos juntas.
                O que me encanta enquanto aluna é ter a certeza que aquele olho brilhando, ali na minha frente, é de puro encantamento pelo que eu sou e por aquilo que me tornarei, através e a partir do seu cuidado, do seu carinho, da sua parada estratégica no planejamento, seja para satisfazer mais uma das minhas curiosidades, seja para me auxiliar a entender sobre um teórico, de escrita brilhante, mas onde eu ainda estou vendo alguns mistérios invioláveis.
                O que me encanta enquanto aluna é perceber que ler “milhões de páginas, por semana vai, um dia, fazer sentido".
    O que me encanta em ser aluna é sentir que entre nós existe a linguagem.
                O que me encanta em ser aluna é saber que ela, sem medo, tem a certeza de que dar um ou dois passos para trás, para poder seguir em frente, tem o mínimo de certeza que desta vez vai...
                O que me encanta enquanto aluna é ter a certeza que, quando “crescer”, quero ser assim como ela:
                Apaixonada pelo seu fazer, eloquente em cada detalhe e sutil na hora da provocação.
                Firme, mas cuidadosa.
                Cuidadosa para que suas falas e fazeres sejam firmes e delicados para não deixar marcas rosadas de dor.
                 O que me encanta em ser aluna é saber que: depois de 12 horas de trabalho, 1h 30min entrando e saindo de ônibus cheios, depois da janta e quem sabe uma taça de vinho; vou voltar encantada para as minhas leituras e escritas e em que, por honra, a ela irei me debruçar até ser vencida pelo sono, mas com a certeza de que vou fazer de tudo para retribuir os encantamentos que ela nos proporciona.
                Quero sim, tirar um A, não um A de aprovada com estrelinhas, mesmo que ainda goste muito das constelações, mas um enorme A de aprendiz.
                Obrigada, Aline Hernandez, por ser o alguém que, neste espaço, e de forma próxima auxilia o meu desenvolvimento, e principalmente o meu encantamento por ser aluna.
                Pode ser que muitas vezes não consiga expressar em preto e/no branco as aprendizagens que me ajudastes a construir; mas saiba que lá, onde importam, no chão da sala, elas farão a diferença e tornarão meus pequenos tão orgulhosos, como eu, pela “profi”, cujos olhos brilham de orgulho por seus alunos e por seu fazer.

    quinta-feira, 10 de maio de 2018

    Uma “tese” em defesa do encantamento de ser professora


                O que me emociona e me dá prazer enquanto professora é ficar ali paradinha observando meus alunos, com os quais tomei contato conhecendo primeiramente o bairro onde está minha escola; depois entrevistando as suas famílias e por fim olhando cada um no olho, convivendo, percebendo o que lhes é necessário, o que lhes dá prazer, como e do que gostam de brincar, o que já sabem deste mundo e projetando tudo aquilo que posso lhes apresentar de novo sobre este mundo.
                O que me emociona enquanto “profi” é ver olhinhos esbugalhados e curiosos ao assistirem um vídeo, uma contação de história; é o sorriso solto quando conseguem pela primeira vez subir e descer sozinhos no escorregador, é ver o rosto brilhando ao sol no degrau mais alto do trepa-trepa, mesmo que isso me dê calafrios na espinha. É ver o cuidado e o “real” sentimento quando fazem bolos de areia e dão uns aos outros para provar, ou os dão a suas bonecas. E aquele bolo de areia muda de gosto e sabor a cada colherada: vai do bolo de chocolate ao bolo de morango.
                O que me emociona enquanto professora é ver uns “rabiscos” serem identificados, com toda certeza, como: “Profi, olha meu nome!” Ou que um círculo “mal” traçado com riscos longos e curtos, desenhado em um canto da folha junto a tantos outros, desta vez vermelhos, seja a representação da cena: “Olha, eu, profi!”.
                O que me encanta enquanto professora é ouvir a cada dia a evolução do: “um, quatro, seis, dez” para “um, dois, três, cinco, dez” ou aquele sorriso ao apontar para o número desenhado no colchão seguido da frase: “Olha, profi esta é a minha cama, achei!”
                O que me encanta enquanto professora é levar para escola uma aula planejada nos mínimos detalhes com tudo aquilo que ontem os encantava e era tudo que queriam saber e descobrir, e ver este planejamento ir pra gaveta por que uma borboleta apareceu no pátio e toda turma saiu correndo atrás do pobre bichinho, até que um conseguiu pegá-la, trancando-a dentro de um pote de sorvete. E a partir daquele momento é ela tudo que importa “no mundo”. E tu tens que tirar da cartola mágica, do ser professora, tudo aquilo que tu sabes sobre este inseto, para aplacar as milhões de perguntas que surgem; e para convencê-los que o pobre inseto precisa ser solto para voltar para sua família.
                E para que tudo se resolva sem mágoas, ou sentimento de perda... Tu corres, com os 25, para a biblioteca e vamos todos juntos procurar  saber tudo sobre borboletas.
                E estes minutos de pátio rendem uma semana entre: pesquisas, desenhos, massinha de modelar e na história de uma tal lagarta comilona que ao final do livro se transforma em borboleta e melhor ela voa...assim como a borboleta que recortaram e pintaram e a “profi” colou no palito, com cola quente.
                O que me encanta enquanto professora é ver um aluno com autismo interagindo com os colegas, a ponto de pegá-los pela mão e indicar que quer jogar bola, ou simplesmente para ficarem sentados lado a lado no pátio jogando areia para cima.
                O que me encanta enquanto professora é andar com o bolso do avental cheio de brinquedos e lápis de cor, que foram esquecidos fora do lugar, misturados a papel higiênico, claro, já usado. É saber que este bolso é considerado um porto seguro para aquele bico, aquele paninho da chegada e que assim como foi parar ali será resgatado na  hora do sono.
                O que me encanta enquanto professora é ver duas crianças disputando um brinquedo brigarem, e eu me abaixar ao lado das duas, ter uma conversa olho no olho e vê-las saindo abraçadas,  uma enxugando as lágrimas da outra e acarinhando onde dois segundos atrás uma pequena mão ficou marcada em um leve rosado de dor.
                O que me encanta enquanto professora é tão simples: é ver a alegria das descobertas, é poder responder perguntas curiosas, é ouvir de repente um verbo conjugado no passado, é um “eu fazi” que, mais dia menos dia, vai se transformar em um “eu fiz”. É ter a certeza que aqueles  riscos saindo de um “redondulo”, de muitas folhas de rascunho levadas para a escola na mochila da profi,  um dia ou outro vão se transformar, vão se desenvolver e vão se tornar uma figura humana carregada de intenções, delineada com cores vivas e sabidas, que terão olhos, nariz e boca.
                O que me encanta enquanto professora é saber que a cada dia eles vão subir mais alto no trepa-trepa e que mais profundamente vão ter suas curiosidades sanadas e que de alguma forma eu contribui para isso, mas  o que eu gosto mesmo é de ser encantada pela certeza de que muitas outras curiosidades e dúvidas vão surgir e que, principalmente, eu colaborei para que isso aconteça.