quinta-feira, 21 de junho de 2018


          Esta semana nos estudos do PNAIC, um texto bem interessante foi dado para que refletíssemos: O brincar, o letramento e o papel do professor, de Nigel Hall.
         O estudo deste texto casou bem com o eixo estudado no PEAD, em Linguagem e Educação, sobre oralidade, escrita, consciência fonológica.
         O texto enfatiza o uso e a presença do letramento nas atividades lúdicas, e da importância de materiais impressos presentes nos espaços de brincar das crianças.
         Na importância das brincadeiras e experiências que apresentem o real como instrumento, como elemento concreto na experimentação e utilização do letramento pelas crianças. Assim será possível a vivência do letramento significativo e colocado de forma intencional.
         Coloca o autor, no texto, a necessidade do letramento ser colocado no contexto do brincar, onde é utilizado para, por exemplo: “fazer compras, almoçar ou jantar em um restaurante, viajar de trem, visitar um hospital e assim por diante.”.
         Diferente de impor um ensino, uma aprendizagem, o letramento colocado no brincar, aqui as crianças escolhe de que forma o letramento entra na brincadeira o que torna a aprendizagem muito mais eficiente. Neste momento é dada às crianças a chance de demonstrarem o que sabem.
          Super-recomendo a leitura não só deste texto, mas de toda a obra de Janet R. Movles.



Referência

Movles, Janet R. A excelência do brincar. Porto Alegre.Artmed.s/a

os temas geradores


              Este texto traz as considerações, sobre as teorias de Paulo Freire, principalmente a respeito dos Temas Geradores e da ação pedagógica dos educadores, estejam eles atuando em qualquer nível de ensino.
              Se concebermos a prática pedagógica  como uma ação social e política, esteja ela aplicada  da  Educação Infantil à EJA, não podemos dissociá-la de um contexto histórico-social concreto. Sendo assim, o uso dos Temas Geradores nesta prática  assume uma grande importância.
            Embora ao idealizar seu método de ensino-aprendizagem, Paulo Freire o tenha feito  buscando a alfabetização de jovens e adultos, penso que os princípios básicos por ele apontados, se fazem presentes e necessários em todas as etapas da educação.
            Sem me ater aqui à descrição das etapas do método, em sua finalidade primeira, prefiro refletir sobre os pontos e conceitos que tornam o método inovador na sua concepção.
           Diálogo:
            A necessidade do diálogo como essencial para a construção do conhecimento, pois esta troca possibilita não só o (re) conhecimento da sua própria realidade como a do outro, e esta discussão crítica é que provoca a transformação. E para Freire a Educação é um ato criador, pois proporciona ao individuo autonomia, consciência crítica e a capacidade de decidir sobre seu fazer, sua história.
           Mediação:
            A mediação existente entre educador-educando, onde há um aprender-ensinando e um ensinar-aprendendo, é o fazer com.
           Valorização do individuo:
            A investigação da realidade concreta do educando e sua posterior problematização. A valorização da sua cultura, dos seus conhecimentos de mundo e das suas experiências vividas. Acreditando que este individuo seja sujeito da sua própria aprendizagem, mas principalmente que estas aprendizagens tenham significado para quem as constrói, pois como expressa Freire no vídeo: A construção da leitura e da escrita na perspectiva Freireana - “Ninguém começa lendo a palavra por que antes da palavra o que a gente tem pra ler, a disposição da gente, é o mundo. E a gente lê o mundo na medida em que a gente o compreende e o interpreta.".
           A práxis:
            Para Freire, a pedagogia-libertadora não pode existir sem a práxis, aquela que é crítica e transformadora da realidade. É o educador refletindo criticamente sobre sua própria prática, agindo, refletindo e a partir desta reflexão novamente agindo para aperfeiçoá-la a cada dia.
           Levando em conta estes conceitos, o trabalho com Temas Geradores pode resultar em grandes aprendizagens e assim proporcionar uma educação transformadora.
           É preciso que enquanto educadores reflexivos nos comprometamos com uma educação que possibilite nos educandos a criticidade, a autonomia, a criatividade, a liberdade e a construção de uma educação verdadeiramente libertadora que valoriza a vida e a construção da história destes sujeitos e do mundo.

sábado, 2 de junho de 2018

Sobre o texto de Hara!


                O resultado de um dos trabalho desenvolvido pelo CEDI (Centro Ecumênico de Documentação e Informação), que nos foi apresentado por Regina Hara, ao final da sua leitura nos trás uma desacomodação a respeito da alfabetização de adultos principalmente quando ela une as teorias de Paulo Freire aos estudos de Emília Ferreiro nos mostrando a respeito da concepção sobre a escrita, que precedem a escola, e da aquisição do conhecimento constituída na ação do sujeito em interação com objeto do conhecimento/meio, fato comum às crianças e aos adultos não alfabetizados.
                No texto a autora retoma, como já vimos em outros textos que tratam do assunto EJA, sobre quem são estes alunos, seu passado de dificuldades em relação aos estudos, bem como as que encontram hoje com suas baixas condições socioeconômicas e na expectativa de que retomar os estudos seja, talvez, a única forma vista por eles para conseguirem mudar esta condição social.  
                Outro ponto trazido neste texto é a análise em relação aos educadores presentes na EJA, da sua dificuldade em encontrar estudos e materiais para este nível e muitas vezes também o seu despreparo para enfrentar os desafios para a prática educativa Outro ponto é a grande incidência de maus resultados nos objetivos propostos tanto de aprendizagem e conscientização política assim como o grande número de abandono durante o processo de alfabetização, sendo neste último fator impulsionado pelas condições de marginalizados impingidas a estes alunos, ao cansaço físico atribuído aos serviços pesados e muitas vezes a pouca prioridade dada à educação frente a necessidades como alimentação,moradia, etc.
                Novamente, no texto fica claro, é essencial a necessidade deste educador, conhecer e respeitar a história de vida do seu aluno e principalmente acreditar que este aluno, mesmo analfabeto, trás consigo muitas informações a respeito da leitura e da escrita, mesmo que não decodifique todas as palavras. Cabe ao educador, no momento de traçar suas estratégias de ensino, valorizar estes conhecimentos ligados à realidade e a afetividade de seus alunos, para desenvolver processos que os auxiliem na leitura e escrita, não só dos códigos e signos, mas na leitura e compreensão do mundo.



Referência
HARA, Regina. Alfabetização de adultos: ainda um desafio. 3. ed. São Paulo: CEDI, 1992.

Descobertas sobre a EJA


            As leituras dos textos de Marta Kohl de Oliveira, Patrícia Guimarães Vargas e  Maria de Fátima Cardoso Gomes são bem marcantes quando nos mostram quem é este aluno da EJA. Estes jovens e adultos tão bem retratados nos textos muitas vezes nos passam despercebidos mesmo que estejam, de uma forma ou outra, em contato conosco.
            Nos dois textos podemos perceber que estes adultos, que entram ou retornam aos bancos escolares, são sujeitos normalmente migrados do interior, com uma frágil condição socioeconômica, que tiveram bem pouco ou quase nenhum incentivo a frequentar a escola quando pequenos, que tem um subemprego e que buscam na escolarização uma oportunidade para melhorar, principalmente a sua condição no emprego ou para poder ir à busca de uma oportunidade melhor.
            Diferente deste adulto, o jovem já é uma figura urbana que embora também tenha sido excluído da escola pertence a uma comunidade mais letrada. Seu tempo dentro da escola normalmente foi maior, seu trabalho já é um pouco melhor, embora ainda possa ser um subemprego, mas percebe-se que o uso da força física e bruta é menor, o que muitas vezes pode lhe permitir um maior aproveitamento destes estudos.
              Sabemos que o cenário de dificuldades destes Jovens e  Adultos  incluem ainda, além da situação de excluídos da escola, a inadequação desta no atendimento a estes indivíduos, no que tange ao currículo, programas, métodos de ensino, mas principalmente à linguagem escolar que são símbolos e regras que não são do conhecimento daqueles que não a frequentam.
            Penso que o primeiro dos conceitos fundamentais para a prática docente da EJA seja, sem dúvida, o conhecer e reconhecer estes alunos enquanto sujeitos da sua própria história e com direito a uma educação que lhes permita produzir conhecimento como parte formadora do exercício da sua liberdade. E para isso é preciso que se conheça o contexto onde vivem estes alunos, suas histórias, suas identidades  e com isso alcançaremos outro ponto importante que é saber o que estes alunos trazem consigo enquanto bagagem de conhecimento, suas aprendizagens, suas competências.
             O diálogo professor/aluno, a interação e colaboração entre professor/aluno, aluno/aluno, motivação, organização do espaço da escola visando uma prática de respeito a partir do entendimento, da vivência e das experiências deste aluno da EJA. A provocação por parte do professor para que este aluno faça uma leitura critica do mundo e a disposição deste professor em buscar contextualizar a vivência deste aluno são fundamentais para que esta seja uma educação bem sucedida. Na interação entre estes fatores surge um processo de desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem que é peculiar para cada indivíduo e a isso devemos valorizar sempre. A individualidade e o modo de aprender de cada um de nossos alunos, suas particularidades e especificidades devem ser sempre respeitadas por aquele educador que realmente acredita que seu aluno é capaz de construir seu conhecimento, sua história e também construir o mundo.



Referências