quinta-feira, 13 de julho de 2017

LDBEN

A LDBEN é hoje, mesmo passados 20 anos da sua promulgação e mediante mudanças acontecidas neste período, o resultado de uma inicial disputa entre uma grande participação da sociedade civil e o executivo. Os princípios gerais da educação, entre eles o uso de recursos financeiros, as finalidades da educação, bem como o que tange à formação e as diretrizes que norteiam a carreira dos profissionais da educação.
Concordo com Cury quando este afirma  que: "Mexer na LDBEN é abrir o campo para novos retrocessos". Isso por que apesar da  LDBEN ter nascido para uma educação voltada para a maioria, a atual  conjuntura política, com o total descaso ao ensino  público, com o sucateamento de nossas instituições e com as tentativas de engessar a prática pensante dos alunos; permitir que esta lei seja levianamente mexida por estes  governantes a partir de MPs e PLs é simplesmente virar as costas para a educação e retroceder nos ganhos alcançados;  e ter a certeza  que as mudanças e lutas que buscamos para a melhora da educação no país jamais sejam alcançadas ou que sejam bloqueadas.
Lembro que em 2014, durante meses, discutimos o PME de Porto Alegre, reunindo educadores e gestores na perspectiva de consolidar as conquistas do PME anterior e buscar as metas até o momento não alcançadas.
Debate feito, pesados todos os pontos por aqueles  que viviam e vivenciavam a educação do município, ouvidas reivindicações de todos os grupos ligados à educação engajados nas mudanças; fomos surpreendidos por cortes efetuados pelo executivo e legislativo,  a bel prazer daqueles  que tem interesses que não os da formação de cidadãos críticos, cientes de seus direitos e deveres.
Na minha realidade, a Educação Infantil, ainda hoje lutamos para que pontos da LDBEN sejam cumpridos. Como então vamos aceitar a sua mudança ou extinção?



Um projeto em ação

No  projeto do M1B/2017,  muita música e muitas aprendizagens.
Como é gratificante observar o crescimento das crianças a partir de um projeto montado por e para eles.
Nosso projeto: "O M1B canta e se encanta com novas descobertas" trouxe muitas aprendizagens às crianças. Neste período observamos um crescimento na comunicação e fala das crianças. Ter o feedback dos pais sobre os comentários das crianças em casa, sobre o que acontece na escola; ver pais felizes com o "start" das crianças é com certeza a recompensa por nosso trabalho.
Neste momento refletir e repensar a prática se faz fundamental. É neste momento que as palavras de Paulo Freire se fazem vivas: "A prática de pensar a prática é a melhor maneira de aprender a pensar certo.  O pensamento que ilumina a prática é por ela iluminado tal como a prática que ilumina o pensamento é por ele iluminada".


quarta-feira, 12 de julho de 2017

Reflexão?

Quando fiz meu estágio obrigatório do Magistério, em determinado momento, minha professora titular me ofereceu "folhinhas" que ela tinha sobre geografia; para não ofendê-la, aceitei as tão preciosas matrizes, e analisando-as percebi que datavam de 12 anos atrás.
Pensei comigo: "Como posso usar as mesmas folhinhas?" Ok, nada mudou a respeito da erosão ( matéria em questão), mas mudaram as crianças. Os alunos do quarto ano de 12 anos atrás não tinham internet, tablet, smartphones, com certeza não eram as mesmas crianças de hoje.
A teoria ainda pode ser a mesma, mas a forma de apresentá-la não deve ou não  deveria ser a mesma, é preciso que se respeite os conhecimentos das crianças da atualidade, é preciso que se "repasse" estes conhecimentos de uma forma em que as crianças de hoje sintam necessidade e curiosidade sobre o mesmo assunto que seus pais estudaram naquelas folhinhas".
Resumo da ópera! Descartei  as"folhinhas" tão apreciadas pela professora titular e fiz aquilo que eu achei que seria do interesse das crianças, das minhas crianças atuais.
Montamos  duas maquetes: uma com um solo protegido por vegetação  outro sem. Levei para a escola uma mangueira e usei o barranco, desprotegido de vegetação por onde todos os dias eles  ( as crianças) desciam enlouquecendo os professores da escola.
Fomos a campo, experimentamos o que acontecia com cada maquete e com o barranco. Resultado? Passados cinco anos, encontro quase todos os dias dois alunos desta turma que sempre me dizem: Oi profe! E reiteram a cada dia que podem ter esquecido tudo  menos como a erosão do solo acontece.
Se fico feliz? Sim, muito! E agradeço a cada dia não ter acolhido as "folhinhas" da professora titular e ter acreditado no meu instinto (?) e ter feito a diferença e sendo diferente.
Mas me preocupo quando hoje, na condição de aluna, muitas vezes vejo repetidos os mesmos questionamentos que já foram feitos a quem me antecedeu!

Reflexão? Até que ponto?

terça-feira, 20 de junho de 2017

Mapas Conceituais

            Quando da interdisciplina de Seminário IV fomos montar nosso Projeto de Aprendizagem e montar o mapa conceitual, dúvidas, certezas e incertezas sugiram "a rodo".
            Mas neste semestre na interdisciplina de Projeto Pedagógico em Ação, ao montar o mapa conceitual com as crianças quantas surpresas... estes pequenos só têm certezas, em suas imaginações e seus mundos de fantasias e faz de conta não existem dúvidas. E a coisa mais legal disso tudo é lançar "dúvidas" às quais eles respondem com a mais absoluta certeza.
            Em meu Maternal I ( 2 a3 anos),  para a montagem do mapa discutíamos e pesquisávamos sobre: "Quem mora na água?" pergunta para a qual eles tinham certeza das respostas: "A baleia, a sereia, os peixes, as ondas e a mãe da sereia moram na água". Quando lancei dúvidas de se o cachorro, o gato ou o pássaro moravam na água as respostas foram diretas e com a mais absoluta certeza: "O cachorro morava na casinha dele, o gato morava no chão, a o passarinho nas árvores"; e ponto!
            Ao montarmos o mapa, utilizamos figuras que eles pesquisaram em livros e revistas, onde inclusive "as ondas" surgiram como moradoras da água, tudo se transformou em uma grande brincadeira, aliás não deveria ser diferente, pois na Educação Infantil a brincadeira é meio e suporte para o aprendizado. Pena que ao crescermos perdemos isso: a leveza e o desprendimento de aprender brincando, pois após montar nosso mapa conceitual percebi que para meus pequenos demonstrar e registrar seus aprendizados foi bem mais leve do que para mim quando montei meu primeiro mapa conceitual.  E isso me lembra duma fala das colegas quando da apresentação da meta: "O uso das diversas linguagens permitem significar o conhecimento, sendo as crianças sujeitos do processo da sua aprendizagem ( Gabriel Junqueira Filho). Pensado assim não será a gente que cresce e complica nosso aprender?
Com isso concluo que sim, é possível montar um mapa conceitual com crianças de qualquer idade, pois seus conhecimentos são verdadeiros a qualquer tempo.





As Gestões Democráticas

Resultado de imagem para gestão democratica na educaçãoLendo os textos sobre Gestão Democrática apresentados na interdisciplina de Organização do Ensino Fundamental e as reflexões dos colegas, me pus a agradecer o fato de sempre ter trabalhado em uma escola onde isso é realidade. Claro, pesa  o fato de estar no magistério há apenas 3 anos e na mesma escola, mas comecei a me imaginar trabalhando em um ambiente diferente disso e não gostei nem um pouco  do resultado.
Dever ser difícil para alguém que acredita na democracia,  um  professor que defende ter participação na formação de um indivíduo crítico e autônomo, trabalhar em uma escola onde tudo "funciona" na vertical, de cima para baixo, porque por mais que dentro de nossas salas e com pequenos gestos e movimentos consigamos fazer  valer nosso pensamento crítico, são bem poucas e lentas as mudanças que se fazem necessárias para mudar este  cenário.
Como na conversa com meu colega, ex-presidente do Conselho Escolar, é duro ver que a atual gestão da educação em Porto Alegre vire as costas para todo um trabalho construído no passado; as Gestões Democráticas nas escolas da Rede,  outrora exemplo mundial, sejam hoje consideradas como desnecessárias ou insuficientes  para tudo  que ocorre dentro da escola.

Penso que a Gestão Democrática  tenha sido uma conquista de todos nós: educadores, alunos, comunidade escolar e a própria sociedade como um todo, e por ela devemos lutar, pois se aprende pelo exemplo, que melhor ensinamento daremos  a nossas crianças do que  saber escutar ao outro, dividir responsabilidades com seus pares e sermos autores e atores de nossa própria história? 

domingo, 4 de junho de 2017

uma escola democratica

Uma escola democrática
                Penso que quando temos uma escola onde a gestão é verdadeiramente democrática, nosso fazer pedagógico se torna mais leve, isso por que temos a comunidade escolar dentro da escola bem como a realidade social da escola é respeitada. Esta reciprocidade entre escola e meio social é um ganho para a educação, para a formação de um individuo cidadão. “(...) a escola necessária é uma escola democrática e que prepara os indivíduos para a democracia” (RODRIGUES, 2003, p. 60). 

                O PPP junto com o Conselho Escolar são os pilares da democratização da escola, e neste sentido a gestão democrática tem seu papel  pedagógico reafirmado, onde todos buscam a melhoria da educação. Uma escola aberta acaba por desempenhar suas funções de forma democrática, isso sempre com o auxilio das famílias e daqueles que tem o interesse maior na educação.

QUE VENHAM AS AVALIAÇÕES

QUE VENHAM AS AVALIAÇÕES
O período da construção das avaliações das crianças é para mim um momento intenso de pensar e refletir, pois quando sento para realizá-los é preciso rever  todo o semestre e se por algum motivo neste caminhar deixei de avaliar algum fazer, está é a hora em que ele aparece.
Na formação continuada desde mês,  nada melhor que uma palestra e discussão exatamente sobre:  "Um olhar sensível sobre o tempo de brincar e de aprender", nossa palestrante  nos falou sobre o tempo, a temporalidade, a ritmicidade, sobre a interação social, a mutualidade e a reciprocidade nos chamando a atenção para cada um destes conceitos e suas implicações na vida das crianças, tanto dentro como fora da escola.
Mas o que realmente deixou marcado, após sua fala e da discussão que tivemos, não foi a reafirmação de que o brincar é importante, de que o brincar é fundamental  para a interação e socialização das crianças, mas sim a importância do olhar sensível do educador para aquilo que não é visível; o olhar para além.
Quando me sento para escrever minhas avaliações, na verdade sento para unir e "costurar" várias pequenas observações  que tenho feito durante todo o período, e aí que vem  um intenso refletir, pois remonto àquilo que já passou com o que vivencio agora, e este juntar me mostra não somente a evolução das crianças, mas principalmente seu processo de aprendizagem e principalmente o meu refletir a cada passo do meu fazer pedagógico.
E penso que  é na descrição deste processo, do fazer da criança, que vamos descobrir em que momento deixamos de olhar verdadeiramente,  para esta ou para aquela outra criança, por que sim, muitas vezes fizemos isso, mesmo que inconscientes.
Sabemos  que fulano já  reconhece e nomeia as cores, ou que beltrano domina a tabuada e a conjugação verbal,  mas e sobre as  suas apropriações emocionais, eu prestei  atenção? Eu observei durante algum tempo como está a relação ao conhecimento de si? Eu sei como ele interage com seus pares? Alguma vez eu me dei conta de que era preciso mediar esta ou aquela  interação pessoal  dentro de sala?

Muitas vezes discuto com meu marido, professor da educação fundamental, onde sei que as avaliações são mais diretas, não há relatórios de acompanhamento individual, como na educação Infantil, mas por vezes questiono: será que  estas questões se observadas em cada uma de nossas crianças não dariam uma melhor visão deste aluno? Será que um NS (não satisfatório) não seria mais bem avaliado/explicado se o educador olhasse para estas crianças de forma inteira?