O fazer a história!
Após ler o texto "O ensino da história no Brasil: trajetória e perspectiva", eu fechei os
olhos e pensei na História, na minha História. E a citação de Murilo Mendes (1935)
citado por Nadai (1993)i, traduziu as
minhas lembranças: [...] decorando o mínimo de conhecimento que o
"ponto" exige[...]."
Fecho os olhos e as primeiras
lembranças que surgem são de um guarda-pó branco e uma bandeirinha do Brasil em
punho, a cada vez que se comemorava a
Independência do Brasil e o presidente da República vinha visitar a cidade.
Outra lembrança que povoa minha trajetória escolar é o tilintar do relógio, de aros
prateados e enormes, da minha professora de história; enquanto as longas unhas
pintadas de branco tamborilavam sobre a
mesa, ao mesmo tempo em que ela tomava oralmente um dos três pontos que havíamos
estudado e que fora sorteado ali naquele
momento.
Datas, nomes, locais... tudo
isto "gravado" na ponta da língua, mas nada "sabido", nada significativo,
as lembranças daquela época são estas, além das tais datas comemorativas que até hoje
não gosto, ao menos não na forma que infelizmente ainda são apresentadas em
muitas salas de aula: Índios com penas
coloridas, bandeiras do Brasil decoradas com todo tipo de material, cruzadinhas
sobre o Descobrimento, um traidor enforcado, e uma república "livre" entre outras tantas.
Dos meus 14 para 15 anos, a
História passou a ter significado para mim, deixou de ser apenas datas, heróis e locais. Passei a conhecer a História no meu
fazer e reconhecer, sujeito da minha
própria história e principalmente da história vivida pelo meu país naquele
momento.
Acompanhar o panorama descrito por Nadai nos dá a certeza que muita coisa mudou, e para melhor, em relação ao ensino da História, mas certamente muito há ainda para evoluir. Caminhemos e contribuamos para que cada vez mais o ensino da História tenha uma pedagogia que permita a nosso aluno colocar-se como ator e autor da sua história, e que ocupe seu lugar na sociedade e no seu compromisso histórico.