Aprofundando a discussão da interdisciplina de EPNEE, penso que
com a regulamentação da NT nº4/2014, aumentam as possibilidades de se derrubar
barreiras que impedem ou dificultam crianças com alguma dificuldade de
aprendizagem de estarem na escola. Mas aqui buscarei falar da minha realidade:
a EI.
Na Educação Infantil há o ingresso de crianças com e sem laudo,
mas penso que a não exigência do laudo agregada aos esforços de educadores e
direção haverá como se conseguir mais recursos humanos para o atendimento
destas crianças que apresentam necessidades de um atendimento diferenciado.
Exemplifico:
Na escola infantil existe a presença do estagiário de inclusão, cujo
requisito é estar cursando uma licenciatura, que a princípio está destinado ao
atendimento de toda a escola, nas salas onde há a presença de crianças com
laudo. A não exigência deste documento criaria a necessidade da presença de mais
profissionais especializados para dar conta da demanda. Como na maioria das
escolas de educação infantil o atendimento especializado é feito fora da
escola, e muitas vezes é preciso um grande esforço para o convencimento da
necessidade das crianças, uma vez que o laudo é inexistente. Talvez outro ponto
que a não obrigatoriedade possa ajudar é em um encaminhamento mais rápido em um
AEE, até por que na maioria das vezes a família nega qualquer problema que a
criança possa vir a ter.
A possibilidade de contato direto com o clínico que acompanha
esta criança, também iria auxiliar este professor e esta escola a derrubar uma
série de pré-conceitos e lhes pôr a par das reais necessidades e das
singularidades desta criança. O bom disso? A possibilidade de se montar um
planejamento pedagógico que realmente consiga atender esta criança, e nos torne
realmente agentes de inclusão.
O porquê dos verbos no futuro do pretérito? Poderia,
possibilitaria, ajudaria! Por que a realidade que vivemos, principalmente na
educação pública, e principalmente na Infantil, nos apresenta um quadro que
necessita ser mudado bem antes de aplicarmos esta norma técnica.
Para
conseguir um estagiário de inclusão com crianças que apresentam laudo já é uma
dificuldade; sem o laudo a dificuldade no mínimo dobraria.
Nos
postos de saúde, onde normalmente nossas crianças são atendidas, a demanda é
enorme, o que ocasiona um atendimento precário e corrido, onde um único médico
atende a toda a demanda do bairro. Isso resulta em um número maior de crianças
a serem atendidas do que o médico pode ou consegue atender, sem a menor chance
de poder, entre uma consulta ou outra, entrar em contato com a escola.
Sobre
a questão clínico-escolar, há um senão, na escola pública o atendimento clínico
é feito praticamente no posto de saúde do bairro e muitas vezes por um
enfermeiro ou um médico que atende duas vezes por semana a todas as crianças
residentes.
Os estagiários de inclusão, muitas vezes são educadores que não têm
conhecimento ou especialização para atender as necessidades e especificidades
de crianças com necessidades de educação especial.
Outra preocupação está na formação dos educadores a respeito destas crianças que apresentam uma necessidade de atendimento especializado, pois nesta fase da vida ainda estamos em formação necessitando de muitos cuidados, carinho e atenção e muitas vezes uma tarja com o nome de uma doença, acaba por trazer mais discriminação ou limitando o fazer para com esta criança. Quem nunca ouviu nos corredores ou sala dos professores: “Fulano tem laudo”, uma fala que vem sempre acompanhada de: “Não to falando por mal”. Aí pensemos: partindo desta frase podemos realmente acreditar que esta criança não sofre discriminação?
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