o ser criança.
Quando
iniciou a aula de Infâncias, fiquei bem interessada e pensei: esta será uma
interdisciplina muito importante e fundamental para minhas práticas. E não
estava errada, pois todas as aulas desta interdisciplina foram de grande valia
para o entendimento das crianças, da construção das concepções de criança e
infância.
A primeira leitura foi exatamente
sobre isso: o conceito de infância. Pensei, isso é fácil! Lembrei-me de um
poema que caracteriza criança e infância, que adoro: Apenas brincando da Anita
Wadley, mas aí me pus a pensar que a criança e a infância ali apresentadas eram
únicas, lindas, ricas em descobrimentos; é o ser criança, o ser infância.
Pois é, essa é ou deveria ser a
infância e a criança que nela vive; nela se constrói, se constitui e dela
desfruta, e aí não importa se é a criança que eu fui que fazia barro
virar foguete; e latinhas de manteiga, carros de Formula 1; ou se é a infância
de meus sobrinhos, onde o Tablet substitui o barro e jogam King of Speed – 3D
no Ipod.
Mas aí veio o pensar: E quando esse
“conceito” não é a realidade? Deixa de ser infância? Deixa-se de ser
criança? O que é (o) ser criança? Todas as crianças são iguais (em
conceito)? Todas as infâncias são iguais? Toda criança tem infância?
Para responder estas perguntas
busquei as teorias e documentos da atualidade que defini:
Criança: Ser real e concreto.
Ser único. Ser que pensa. Ser que constrói conhecimentos a partir das
interações com o meio. Sujeito ativo construtor da sua história. Ser com
direitos de ser protegido, educado, alimentado, de desenvolver-se físico,
mental, moral, espiritual e socialmente. Ser cujos direitos devem ser
garantidos pela família, sociedade e o governo. Um espaço de tempo determinado
entre o nascimento até os 12 anos de idade.
Infância: Construção social
que se constitui pelas variadas intervenções do meio em que se encontra o ser
criança. Tempo e espaço onde este ser criança está inserido. É o presente, é o
produzir cultura ao mesmo tempo em que se é produto dela.
Estes são os significados sociais (
aceitáveis, pretendidos ) do ser criança e do viver infância, mas se a infância
se constrói das aprendizagens absorvidas do meio e da cultura nos quais se
vive; qual infância conceituar? A das nossas teorias? A dos nossos desejos?
Ou as diversas infâncias construídas e constituídas de meios e culturas
não padronizadas, como aceitáveis ou pretendidas?
E me pergunto, no nosso papel de
educadoras como trabalhar em meio a tão diversas infâncias?
Como, enquanto educadora, auxiliar estas
crianças a viverem “suas” infâncias? Como fazê-las experimentar e vivenciar
esta comunicação com o mundo de forma a que constituam e construam sua
identidade, sua singularidade e seu fazer histórico-social?
Podemos perceber nas escolas um distanciamento das crianças das suas infâncias. Uma combinação entre os conceitos que você descreveu perfeitamente. Vivemos uma crise em nossa sociedade, que reflete diretamente nas crianças e com certeza apresenta aspectos que vão interferindo na vida delas, como adultas. É importante que possamos fazer na escola a contrapressão com o meio social, resgatando o papel do brincar, da ludicidade presente no ato de aprender e do prazer em ser criança. Não é fácil, nem rápido, mas podemos auxiliar em pequenas mudanças de comportamentos, que aproximam as nossas crianças de suas infâncias.
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