As leituras dos textos de Marta Kohl de
Oliveira, Patrícia Guimarães Vargas e Maria de Fátima Cardoso Gomes são
bem marcantes quando nos mostram quem é este aluno da EJA. Estes jovens e
adultos tão bem retratados nos textos muitas vezes nos passam despercebidos
mesmo que estejam, de uma forma ou outra, em contato conosco.
Nos dois
textos podemos perceber que estes adultos, que entram ou retornam aos bancos
escolares, são sujeitos normalmente migrados do interior, com uma frágil
condição socioeconômica, que tiveram bem pouco ou quase nenhum incentivo a
frequentar a escola quando pequenos, que tem um subemprego e que buscam na
escolarização uma oportunidade para melhorar, principalmente a sua condição no
emprego ou para poder ir à busca de uma oportunidade melhor.
Diferente
deste adulto, o jovem já é uma figura urbana que embora também tenha sido
excluído da escola pertence a uma comunidade mais letrada. Seu tempo dentro da
escola normalmente foi maior, seu trabalho já é um pouco melhor, embora ainda
possa ser um subemprego, mas percebe-se que o uso da força física e bruta é
menor, o que muitas vezes pode lhe permitir um maior aproveitamento destes
estudos.
Sabemos que o cenário de dificuldades destes
Jovens e Adultos incluem ainda, além da situação de excluídos da
escola, a inadequação desta no atendimento a estes indivíduos, no que tange ao
currículo, programas, métodos de ensino, mas principalmente à linguagem escolar
que são símbolos e regras que não são do conhecimento daqueles que não a frequentam.
Penso
que o primeiro dos conceitos fundamentais para a prática docente da EJA seja,
sem dúvida, o conhecer e reconhecer estes alunos enquanto sujeitos da sua
própria história e com direito a uma educação que lhes permita produzir
conhecimento como parte formadora do exercício da sua liberdade. E para isso é
preciso que se conheça o contexto onde vivem estes alunos, suas histórias, suas
identidades e com isso alcançaremos outro ponto importante que é saber o
que estes alunos trazem consigo enquanto bagagem de conhecimento, suas
aprendizagens, suas competências.
Referências
IN: REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO SetOut/Nov/Dez 1999 n.º 12. Trabalho apresentado na XXII Reunião Anual da ANPEd, Caxambu, setembro de 1999. (Ler sobretudo a partir da página 67 em diante, na parte referente aos dados de pesquisa da autora).
- In: Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 39, n. 2, p. 449-463, abr./jun. 2013.
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