Em outra roda de discussões, no nosso grupo de estudos, o assunto
foi: o conceito de meio. Para chegar a um conceito de meio combatível à
nossa perspectiva a respeito do processo de desenvolvimento humano foram
estudadas a ideia de três autores: Wallon, Bronfenbrenner e Rossetti-Ferreira.
Wallon - Diferentes meios: ambiente, espaço de ação, recurso ou
instrumento de desenvolvimento. Wallon nos fala das relações entre os dois
meios especificados e as transformações nos recursos da criança ao longo do seu
desenvolvimento. Com isso fica Wallon nos faz perceber que os meios
não são somente específicos de cada espécie, mas também específicos de
estados afetivos e de motivações da criança em cada idade ou fase do
desenvolvimento.
A pedagogia, por exemplo, empregada na organização destes meios físicos
pode modificar o meio como recurso para a criança.
Bronfenbrenner - O conceito de Ecologia do desenvolvimento Humano,
desenvolvido por Bronfenbrenner, nos fala em um modelo de estruturas
aninhadas, interdependentes e em recíproca interação. Um bom exemplo que nos
deixa visualizar estas estruturas são as bonecas Matrioskas, onde uma
está contida dentro da outra da menor que representa o microssistema, as
relações diárias, uma maior que representa o mesossistema, identificando as
relações entre os microssistemas, estas duas dentro de outra maior como
representante do exossistema - que são as estruturas sociais particulares,
formais ou informais, e todas estas dentro de uma última que representa o
macrossistema representando os padrões institucionais existentes nas culturas
como: economia, educação, política, etc.
Rossetti-Ferreira - aqui temos a Rede de Significações como uma
ferramenta de investigação e compreensão aos processos de desenvolvimento
humano. A RESSIG considera as diferentes relações das pessoas com seus meios e
as questões que orientam essa análise: A família, a escola e o trabalho
dos pais; constituídos e sendo constituídos por vários campos interativos. Os
processos interativos que ocorrem entre as pessoas são assinalados por
componentes individuais dentro de uma matriz sócio-histórica que
possibilita interações que os indivíduos estabelecem. O relacionamento
dinâmico entre a matriz e os componentes individuais, campos interativos e
contextos proporcionam a rede de significações que constituem o contexto e o
meio do desenvolvimento humano.
Entre estas três perspectivas há pontos comuns e divergências, mas todas
fazem relação entre os seres vivos e seus meios; os convido à leitura deste
texto, que com certeza pode trazer novas perspectivas do nosso fazer pedagógico
tendo por base as relações entre o meio e o desenvolvimento
humano.
(CARVALHO, Ana M.A. PEDROSA Maria Isabel: ROSSETTI-FERREIRA, Maria
Clotilde. Aprendendo com a criança de zero a seis anos. São Paulo: Cortez,
2012.)
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