Este ano
repito uma experiência que tive em 2017,
ter uma turma de crianças de 20 crianças que estão tendo pela primeira vez
contato com a escola. Novamente um desafio instigante e prazeroso. Já com mais experiência e coberta pelos
estudos, iniciei o ano com uma sala repleta de elementos conhecidos pelas
crianças, bonecas, carrinhos, panelinhas, folhas brancas e giz de cera,
colocados a sua disposição e à vista. Passado o período de adaptação percebi
que já era hora de lançar a eles novos desafios, e como estão ali para brincar
e interagir a resolução foi: vamos trazer novos brinquedos, novas formas de
brincar, outros elementos que estejam presentes não no seu dia-a-dia, mas que
instiguem a curiosidade e as novas descobertas.
Em uma segunda-feira ao chegarem à sala, encontraram uma
ou duas bonecas, dois ou três carrinhos dentro dos nichos, a novidade estava
sobre os balcões:
- cestas com
galhos e tocos de madeira;
- caixas com
cones, canos plásticos, molas;
- panos de todos
os tamanhos e cores;
- papeis
coloridos, grandes e pequenos, lixas, jornal, retalhos de papelão, no
lugar das folhas brancas;
- na gaveta ao lado
do giz de cera, canetinhas hidrocor, lápis grafite, lápis de cor, caneta esferográficas,
tintas e pincéis.
Foi bem interessante observar as carinhas de surpresa e o
não saber o que fazer com aqueles elementos, alguns conhecidos, mas não para
brincar! Foi um começo tímido, um brincar meio desconfiado, uma exploração
lenta, mas intensa. Pudemos registrar neste período suas descobertas, seus
experimentos em unir estes elementos para as construções. Teve até uma das
meninas que enrolou um toco um pouco maior e saiu embalando, como se fosse uma
boneca.
Passado este primeiro momento de experimentação, o que
posso registrar é que não há mais como tirá-los da sala, pois eles foram
completamente incorporados nas brincadeiras, nas experiências das crianças.
Resta agora sim, a busca por diferentes elementos.
Penso que este gesto simples de proporcionar brincadeiras
e descobertas com diferentes objetos tem auxiliado em um processo para uma aprendizagem completa. Como nos diz Becker e Marques a aprendizagem
é um processo de desenvolvimento e deve ser construído em uma escala evolutiva
de níveis mais simples para os mais complexos. E que como mediadores devemos
buscar enriquecer este processo de desenvolvimento e uma destas formas é na
busca de recursos que tenham significado.
“Formular questões
desafiadoras e que, ao mesmo tempo, estão dentro das possibilidades do sujeito
é uma forma de educar que contempla, simultaneamente, a aprendizagem do ponto
de vista cognitivo e, além disso, satisfaz a dimensão afetiva do processo de
aprendizagem.”
Outra questão
levantada no texto é a respeito da afetividade e da sua importância no processo
de construção do conhecimento que tem por consequência a aprendizagem dos
pequenos. E com certeza há um grande contentamento e afetividade em brincar e
aprender.
Referência
BECKER, Fernando; MARQUES, Tânia B. I. Aprendizagem
humana: processo de construção.Texto publicado na Pátio. Revista Pedagógica.
Ano IV, Nº. 15, p.58-61, nov. 2000/jan. 2001. ISSN 1518-305X.