quinta-feira, 18 de junho de 2015

A EDUCAÇÃO É VIDA VIVA.
A educação é viva, e como vida se transforma, se modifica e se aprimora.
Nossa escola está passando por um processo de reelaboração do seu PPP. Para isso estamos "desconstruindo e resignificando nossas concepções de criança, educação, desenvolvimento, aprendizagem e currículo". Estamos estudando para  questionar nossas concepções e redimensioná-las na prática."
Até o final de 2014, nosso PPP se baseava na ideia de ambientes de aprendizagem, entendendo estes como articuladores entre  o espaço físico e as relações que se estabeleciam no mesmo.  Concordamos com Zabalza, quando nos diz que  espaços amplos, diferenciados, de fácil acesso e facilmente percebidos pelas crianças em relação a sua função e das atividades a serem desenvolvidas como um dos elementos da qualidade na Educação Infantil.
A partir deste ano, 2015, estamos trabalhando com a perspectiva de espaços circunscritos. Grandes mudanças que no início causaram  grandes questionamentos.
Repasso a vocês minha reflexão, apresentada em nossa última formação na escola, onde apresentei minha visão sobre a mudança e meu projeto individual da turma, que deve estabelecer relações e transversalidade com os projetos coletivos da escola.

Texto de apresentação da minha reflexão

No começo, as mudanças no formato de trabalhar os projetos me assustaram um pouco.
Como assim, experiências em pequenos grupos?
Como assim, experiências optativas?
Como assim, experiências coletivas e/ou individuais?
Como assim, nem todos fazendo a mesma coisa ao mesmo tempo? Como assim?
Iniciei o ano com muitas dúvidas e temores.
Mas não é que deu certo!?

Acompanhar os pequenos grupos em suas atividades planejadas dá uma maior intimidade ao processo. Fica bem mais fácil interagir, observar, mediar, registrar as descobertas das crianças.
E também, tem sido bastante interessante acompanhar e observar  aqueles que não estão fazendo as atividades planejadas, que estão explorando e brincando nos espaços da sala, normalmente também em pequenos grupos.
Para mim que adoro registrar quando consigo, cada fala, cada descoberta das crianças tem sido uma boa experiência. Não digo que estou de todo tranquila, pois não seria eu, mas até que está sendo bem legal.
Os espaços criados na sala têm proporcionado algumas experiências bem interessantes. As crianças os têm usado a cada dia de uma forma diferente. Criam histórias, diálogos entre eles, com  situações do cotidiano, que na medida do possível têm sido registradas. Tem dias que queria ter uma série de filmadoras para não perder nada.

Como surgiu este projeto?

Com uma turma nova, quase todos frequentando a escola pela primeira vez,
notamos que tudo na rotina escolar os fascinava e os encantava. Tudo era novidade.
Em nossas primeiras observações notamos o interesse grande das crianças
pelas construções com blocos de montar e encaixe,  por desenho e papel, mas isso toda criança gosta, até eu.
Pensamos então: desenhar, construir, brincar, fazer de conta tudo isso faz parte do processo das crianças na escola, como então “linkar” estes fazeres, com algo que despertasse sua curiosidade, que lhes trouxessem novas experiências e  oportunidade de explorar seu meio?
Os primeiros passos na direção dos caminhos deste projeto, vieram com a observação da alegria e encantamento de uma das crianças quando fez sua primeira atividade com giz de cera e papel. O menino, que nos primeiros dias tinha se mantido recluso e calado durante todo tempo da atividade, falou encantado, sobre o seu desenho, admirando e descrevendo cada traço.
Iniciamos então uma conversa com as crianças sobre suas vivências e conhecimentos sobre  construções e papéis.

Uma roda de conversa, uma folha de papel e questionamentos:
O que é isso? – Papel
Para que serve o papel?  - Para desenhar
                                         - É pra mostrar pro papai!
E para o que mais serve o papel? – Pra limpar a bunda.
                                               - E o nariz também, é pôfi?
Assim nasceu este projeto que será desenvolvido de forma lúdica, proporcionando às crianças experiências que lhes permitam descobrir o papel, suas funções, usos, tipos e tudo mais que despertar a curiosidade do grupo.

O projeto

Turma M2B - 2015

PROJETO: PAPYRUS E O MUNDO ENCANTADO DO PAPEL

TEMA CENTRAL: O PAPEL

PROBLEMATIZAÇÃO:
Como levar as crianças do M2B às descobertas sobre o papel utilizando arte, brincadeira, jogos de
faz de conta, de uma forma lúdica e prazerosa?

OBJETIVO GERAL:
Oportunizar às crianças conhecer recursos, materiais, atividades e experiências que proporcionem descobrir e construir respostas para questionamentos como:

Onde e quando surgiu?
Como é feito o papel?
Para que serve o papel?
Quais tipos de papéis existem?
O que podemos construir com o papel?
Que sons fazem os papéis?
Podemos brincar com o papel? De que forma?
Quais as relações entre papel e a sustentabilidade?
O papel e o meio ambiente.
Relato de duas experiências realizadas:

Relato de duas experiências.

A sensibilização do projeto

            Levamos para sala todos os tipos de papéis, que foi possível, com diferentes cores, texturas, utilidades e  formatos.
            Tínhamos folhas, guardanapos, papel higiênico, revistas, livros, embalagens, sacolas, caixas, tubos, etc. Estavam espalhados por toda a sala: sobre as mesas, cadeiras, pendurados em varais, na cabana, colados nos  balcões.
            Era uma " papelada" só.
            Foram deixados ali, sem aviso. As crianças voltaram de uma atividade fora da sala.
            No começo certa estranheza, mas quando começou a exploração, o manuseio, as descobertas de tudo que estava ali à disposição... creiam foram quase uma hora e meia de pura diversão.
   


As primeiras descobertas.
Tubos viram peças de encaixe.
Papel higiênico....serve para "limpar nariz, né profe?!"

"Tô usando bilóculos, profê"



A boneca CHIQUINHA

            A segunda experiência que relato, foi a criação e confecção da Chiquinha, aquela lindeza de caipira no hall da escola. ( Boneca confeccionada pelas crianças, que esta exposta no hall da escola)
            De novo o temor, como montar uma atividade cujo produto vai ser coletivo, de forma  “fracionada”. Como será que eles, as crianças, vão reagir não fazendo todos a mesma coisa ao mesmo tempo? Será que conseguirei passar isso para eles?

Eles me ensinaram como:
- Pôfi, eu não quero fazer isso!
- Profi eu posso fazer o corpo?
- Profê eu quero fazer o braço.
- Porfê eu posso brincar?  - Mas estamos brincando de pintar! (Professora tentando argumentar - risos)
- Não, disso eu não quero brincar!

E agora?   Quem ensina e quem aprende?

Um trio iniciou a confecção dos braços e pernas.
Neste momento a divisão do conhecimento.
Aluna 1:  Eu não consigo!
Aluna 2: Deixa eu te ajudo!
E juntas  confeccionaram os braços e pernas da Chiquinha.

 


Alguns momentos da produção da Chiquinha.

   

Esta foto dá um panorama do trabalho em sala: uns pintando, outros fazendo o cabelo da boneca, outros na cozinha da cabana e fora da foto um grupo montava um quebra cabeças.

 A Chiquinha.


Pois é colegas estas são as primeiras reflexões sobre mudanças necessárias à vida que pulsa.
Estudos, leituras, discussões, práticas e muito trabalho.
A cada dia uma busca por transformar vidas e ser transformada por elas.
 

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