domingo, 25 de dezembro de 2016

Quantidade X Qualidade

        Muitas vezes nos pegamos discutindo as questões de currículos sem significado, de avaliações que não envolvem o todo do aprendizado de nossos alunos.
       Onde está o erro, onde fica o acerto?
       Cobramos que nossos alunos tenham mais interesse em aulas "chatas", sem vida, baseadas na decoreba e que muitas vezes nem sequer cogitam a possibilidade de aproximação com as suas realidades.
        Exigimos quantidade, mas e a qualidade?
        Muitos alunos ao se depararem com a escrita de uma redação, a primeira pergunta é: "Quantas linhas profê?"
        Sim, pergunta sem sentido, não? Mas foi isso que lhes ensinamos, afinal foi o que e  como aprendemos: redações com o mínimo de linhas!
        Avaliações quantitativas, sejam nas redações, nas provas "de marcar X" ou nas grandes questões dissertativas, bem elaboradas.
        No caso das redações, é claro que buscamos qualidade da escrita, mas cá para nós... é preciso as 30 linhas?
        Se esta quantidade ultrapassar vamos cobrar poder de síntese? Se ficar aquém, vamos exigir mais argumentos?
         Ou vamos nos deter na qualidade da escrita e esquecer a quantidade de linhas?

         
Ok. Que sejam as 30 linhas, mas já vou avisando posso dizer com coerência e sentido em muito menos linhas, assim como posso escrever o dobro, mantendo a mesma qualidade.

Discutindo projetos e brincar

       “No curso da elaboração dos projetos, é sempre importante a capacidade de expressar hipóteses de trabalho que deem sentido e continuidade ao percurso da experiência proposta às crianças”, quando ressalta este ponto  FORTUNATI (2009), nos alerta para a criação de hipóteses de trabalho que permitam a participação das crianças nestes projetos, e isso se dá a partir do momento em que valorizamos e compreendemos o que e como pensam as crianças.
      Cabe a nós professores  elaborar projetos aonde as crianças sejam realmente protagonistas  de experiências significativas ao seu desenvolvimento. È preciso que nossos projetos nasçam da curiosidade de nossos pequenos questionadores, que realmente desenvolvamos propostas de experiências que tragam a eles significado, respostas e novos questionamentos, permitindo assim que desenvolvam suas aprendizagens de forma alegre e divertida.
      Não é mais o momento de projetos engessados e estanques, como aqueles que encontramos , infelizmente, em algumas escolas infantis, onde o que menos se leva em conta é a crianças, seu pensar e suas necessidades. Onde as ações são planejadas de modo separado, sem interconexões e onde  o brincar é ressaltado, não como uma forma de aprendizado, mas sim como uma forma de manter as crianças “intertidas” durante as longas horas passadas dentro da escola de educação infantil.
     É hora de pensarmos em projetos, em experiências que reconheçam a competência, a curiosidade, o poder criativo e construtivo de nossos pequenos.


(FORTUNATI, Aldo. A Educação infantil como projeto da comunidade: crianças, educadores e pais nos novos serviços para a infância e a família: a experiências de San Miniato. Porto Alegre: Artmed, 2009.)

A pedagogia da escuta

        O trabalho realizado em Reggio Emilia, há tempos tem servido como exemplo ou base de estudos para a Educação Infantil no Brasil e no Mundo.  
        Em um de nossos estudos, discutimos a  importância da pedagogia da escuta sobre a perspectiva de Reggio. Todos os escritos nos levam a perceber a grande importância que esta escola dá ao ato da escuta como busca do dar significado não só no que fazem, encontram e vivenciam tanto as crianças como os professores e adultos que com elas convivem dentro da escola.
       Esta escuta abre as possibilidades de nos revelar como as crianças pensam, interpretam e questionam a suas realidades além de promover e permitir o diálogo e a comunicação o que envolve as teorias criadas a partir desta significação e desta compreensão de mundo.
        Destacamos aqui algumas características desta escuta:
     ·  Ser sensível e aberta à necessidade de ouvir e ser ouvido;
     ·  Escutar com todos os nossos sentidos;
     ·  Reconhecer as muitas linguagens;
     ·  A escuta precisa de tempo, um tempo diferente do cronológico:
     ·  Ela é gerada pela curiosidade, desejo, dúvidas e incertezas, produzindo perguntas e não respostas;
     ·  Valorização de quem é escutado;
     ·  Remove o indivíduo do anonimato.
       Quando se escuta e é escutado,  abrimos a possibilidade do diálogo e com este processo aprendemos como outro. As crianças, tanto de forma individual como quando em grupo, fazem isso de uma forma natural.
       E são nestes momentos que o professor deve estar atento e ouvinte deste processo de aprendizagem. E para poder fazer o registro destes processos o professor também deve estar aberto e sensível. E dentro deste apoiar e mediar  as crianças que, se soubermos observar e documentar estas escutas, poderemos  revendo esta documentação – esta escuta visível, dar significado ao nosso ensino, (re)ver nossas práticas diárias e desenvolver assim possibilidades para que nossas crianças questionem, se mostrem curiosas e criadoras de suas teorias desenvolvendo ainda mais suas aprendizagens. Como no diz RINALDI: “ Quando os professores tornam a escuta e a documentação peças centrais de sua pratica, eles se transformam em pesquisadores.” ( RINALDI, p. 245)
      Para ter um maior aprofundamento sobre a pedagogia da escuta, indico para quem ainda não leu: As cem linguagens da criança. Um bom livro para as férias.


EDWARDS, GANDINI & FORMAN (orgs.)  As cem linguagens da criança.

O meio


        Em outra roda de discussões, no nosso grupo de estudos, o assunto foi:  o conceito de meio. Para chegar a um conceito de meio combatível à nossa perspectiva a respeito do processo de desenvolvimento humano foram estudadas a ideia de três autores: Wallon, Bronfenbrenner e Rossetti-Ferreira.
       Wallon -  Diferentes meios: ambiente, espaço de ação, recurso ou instrumento de desenvolvimento. Wallon nos fala das relações entre os dois meios especificados e as transformações nos recursos da criança ao longo do seu desenvolvimento. Com isso fica  Wallon nos faz perceber que  os meios não são somente específicos de cada espécie, mas também específicos de  estados afetivos e de motivações da criança em cada idade ou fase do desenvolvimento.
       A pedagogia, por exemplo, empregada na organização destes meios físicos pode modificar o meio como recurso para a criança.
      Bronfenbrenner -  O conceito de Ecologia do desenvolvimento Humano, desenvolvido por Bronfenbrenner, nos fala  em um modelo de estruturas aninhadas, interdependentes e em recíproca interação. Um bom exemplo que nos deixa visualizar estas estruturas  são as bonecas Matrioskas, onde uma está contida dentro da outra da menor que representa o microssistema, as relações diárias, uma maior que representa o mesossistema, identificando as relações entre os microssistemas, estas duas dentro de outra maior como representante do exossistema - que são as estruturas sociais particulares, formais ou informais, e todas estas dentro de uma última que representa o macrossistema representando os padrões institucionais existentes nas culturas como: economia, educação, política, etc.
       Rossetti-Ferreira - aqui temos a Rede de Significações como uma ferramenta de investigação e compreensão aos processos de desenvolvimento humano. A RESSIG considera as diferentes relações das pessoas com seus meios e as questões que orientam essa análise: A  família, a escola e o trabalho dos pais; constituídos e sendo constituídos por vários campos interativos. Os processos interativos que ocorrem entre as pessoas são assinalados por componentes individuais  dentro de uma matriz sócio-histórica que  possibilita interações  que os indivíduos estabelecem. O relacionamento dinâmico entre a matriz e os componentes individuais, campos interativos e contextos proporcionam a rede de significações que constituem o contexto e o meio do desenvolvimento humano.
      Entre estas três perspectivas há pontos comuns e divergências, mas todas fazem relação entre os seres vivos e seus meios; os convido à leitura deste texto, que com certeza pode trazer novas perspectivas do nosso fazer pedagógico  tendo por base as  relações entre o  meio e o desenvolvimento humano.


(CARVALHO, Ana M.A. PEDROSA Maria Isabel: ROSSETTI-FERREIRA, Maria Clotilde. Aprendendo com a criança de zero a seis anos. São Paulo: Cortez, 2012.)

sábado, 17 de dezembro de 2016

Estudando Malaguzzi


Estudando Malaguzzi!





     Em um grupo de estudos denominado: revisitando  a escola das infâncias, neste mês de novembro, discutimos bons textos referentes à educação infantil.
Podemos, ao mesmo tempo, debater sobre nossas realidades, observar bons exemplos de como se pode realizar bem nosso trabalho e cá para nós, alguns de como ou do que não fazer...
    O primeiro texto discutido foi: Malaguzzi e os professores * , um bom texto que pode nos orientar na realização no nosso trabalho diário, na busca constante por propostas que levem nossas crianças a um aprendizado significativo.
    Nele também há referências ao diálogo entre nossos pares, na sua importância para este fazer pedagógico carregado de significações.
    Este texto nos  fez refletir sobre o papel do professor da educação infantil. Sobre a importância de dar destaque ao conhecimento que a criança traz para a escola e sobre a relação entre teoria e prática.
    Em nossas discussões, confirmamos a reciprocidade entre a teoria e a prática, o valor dos estudos pedagógicos na realização das práticas e a  importância dos registros destas práticas, que automaticamente se transformam em novas teoria, onde (re) visitados nos permitem rever e analisar  os  nossos feitos e os das crianças, criando um diálogo permanente entre teoria e prática.



* Carla Rinaldi. Diálogos com Reggio Emilia : escutar, investigar e aprender. São Paulo: Paz e Terra , 2012 -  p.103-115)


O prazer das primeiras escritas


O prazer das primeiras escritas

                Pela primeira vez acompanho uma turma de Jardim B e toda a construção do seu aprendizado. Foi muito legal observar o crescimento das crianças neste ano. Principalmente a alegria de terem alcançado seu maior desejo no início do ano: Aprender a escrever. Pois na minha turma este era o pensamento da maioria: aprender  a escrever para ir para o primeiro ano e lá aprender "escrever emendado".
                Tenho uma turma onde algumas crianças estão na fase pré-alfabética e ao menos duas já estão na fase alfabética. Já se arriscando na escrita não só de palavras como de pequenas frases.
                É muito bom participar do interesse e da curiosidade deles nestas descobertas. No início do ano vinham me pedir: "Profê, escreve aí como se escreve... pra eu escrever também!" E faceiros exibiam as letras espelhadas, fora de ordem, trocadas mesmo a partir da cópia.
                Hoje ao final do ano buscam o alfabeto móvel, espalham na mesa, montam suas palavras e me pedem:
                - "Profê, tá certo!" em outras vezes como, por exemplo, o dia que T. me pediu:
                -  "Profê, escreve pra mim: Profe Regi este castelo é pra ti". E eu respondi escreve você!
                - "Mas eu não sei"!
                - Sabe sim, pegue o alfabeto móvel e escreva com ele antes de passar para o papel.
                E tempo depois solicita minha presença. Na mesa as peças distribuídas se apresentavam assim:  PROFE REGINE STE CSTELO E PA TI!
                No momento que escrevo este texto me recordo de uma entrevista da Professora Magda Soares, onde ela fala sobre a questão do alfabetizar letrando,  desde a Educação Infantil,  onde  cita a importância do aprender a ler, lendo e do aprender a escrever, escrevendo. Além do respeito e do olhar cuidadoso que se  deve ter pelo momento de desenvolvimento  da criança, pelo seu desejo de aprender.


Uma despedida!

Carta de uma professora  na formatura de sua primeira turma de JB2

            Ser professora é ensinar e aprender.
            Só se ensina uma criança, quando se está aberto para aprender com ela.
            Como professora e aprendiz  algumas  vezes tive medo de estar errando,  em  muitas outras tive a certeza de estar fazendo a coisa certa.
            Já me chamaram de:  mãe, de vó, de pai, de dinda, de "pofi",  de Jaque, de "cofê", de "profê", de Jaqueline Lemos...
            Já  ajudei  a guardar  o bico para ser trocado por presente de Papai Noel...
            Já cuidei de um dente caído para ser entregue a Fada do Dente...
            Já coloquei  gelo  nas pernas, nos braços, na cabeça, nas costas de alguém que escorregou e caiu;  que se bateu com o amigo enquanto corria no pátio...
            Já limpei boca pintada de batom, catei piolho, ajudei a amarrar os  tênis, a fechar o zíper  da mochila, a soltar o botão da calça, a dobrar os casacos...
            Já ajudei a fazer um desenho para levar "pra mãe", "pra mana", "pro pai", "pro tio"...
            Já  enchi, em casa,  uma caixa com desenhos onde aparecia magrinha,  de cabelos vermelhos e os olhos redondos tomando conta do rosto...
            Algumas vezes chorei  de preocupação,  em outras de emoção com um: "Profê, eu te amo"!
            Mas, com certeza sorri  muito mais e se hoje eu chorei saiba que foi de pura alegria, por ter encerrado um ciclo.
            Tenho a certeza que consegui fazer com que você tenha feito muitas e importantes descobertas e que contribuí para o aumento do seu conhecimento  e na manutenção da sua curiosidade sobre tudo
            E tenha a certeza que você me ensinou.
             Aprendi  que nem sempre um choro na porta queria dizer que você não queria ficar ao meu lado na escola, mas  sim que você só queria um pouquinho mais do colo da mãe da vó, do pai; só mais um pouquinho na cama quente.
            Que quando eu chamei  para uma experiência nova, e você se recusou, não era por que eu não tinha feito um bom planejamento, mas por que ficar montando Legos ou brincando com as bonecas, naquele momento, era muito mais importante. Quer saber um segredo: Eu também achava!
            Agora você segue seu caminho, novas aprendizagens, novas descobertas, nova  escola, nova professora. Mas não se esqueça:  mantenha sempre o desejo de aprender cada vez mais, e ensine a sua nova professora como é bom ser amada.


terça-feira, 22 de novembro de 2016

O aprender brincando






        A  curiosidade e a constante criação de hipóteses são a base que precisamos para, na Educação Infantil, aprender brincando. Ops, nem sei por que grafei desta forma; por que na verdade acredito que estes são fatores necessários para toda uma vida quando se trata de aprender.
       Noções de Matemática, Ciências e Estudos Sociais são matérias primas e regras para jogos e brincadeiras, dirigidas ou não, dos quais nossas crianças fazem uso desde a mais tenra idade.
       A ludicidade caminha de mãos dadas com todos estes campos de experiências.
       Para jogar amarelinha é preciso que se controle a força, bem antes de reconhecer ou nomear os algarismos do jogo, ou seja, a Física e a Matemática lado a lado.
       Quando em uma brincadeira de faz de conta crianças reunidas ao redor de uma mesa de brinquedo celebram e distribuem pratos e talheres coloridos, aí está a matemática e o termo a termo; e ao mesmo tempo a repetição de cenas do cotidiano, do seu dia-a-dia, das suas vivências e história.
       Nas experiências de culinária, a mistura dos ingredientes e os olhinhos curiosos observando o bolo crescer no forno. Lá estão as vivências: "Minha mãe faz bolo pra mim!"; "Profê ta crescendo!", lá está a Química.
        Os questionamentos e as hipóteses construídas sobre isso ou aquilo: De onde vêm os bebês? Por que a chuva cai? Profê, quanto é uma dúzia? Com que letra escrevo "eu te amo"?
        Dentro do osso tem minhoquinhas!, Nosso corpo não gosta de milho!, Se você jogar no chão quebra!, Hoje tem mais meninos que meninas! Os piolhos nascem nos cabelos!
         Todos estes apontamentos nos levam a certeza de que auxiliar as crianças na construção de seus conhecimentos envolve sim o ensino das Ciências, da Matemática, das Relações Sociais, da Geografia, mas principalmente envolve muita dedicação, amor e um "bocado" de aprendizagem para nós professores. E fazer isso de forma prazerosa tanto para nós como para os nossos pequenos.

Meu projeto favorito.. ensinar



"Uma vez que seus alunos tenham mergulhado nestes mistérios, eles não irão querer parar de resolvê-los e você saberá que eles foram contagiados por você quando você também não quiser parar."( Bob e Ellen Kaplan - The Math Circle).


            Li esta frase em um material sobre o Circulo da Matemática, e percebi que ela se encaixa no estado em que me encontro neste ano, tanto na posição de professora como no papel de aluna,  sinto que estou contagiada e contagiando.
            Como todo ano, em abril, iniciei um projeto com minha turma. Este ano o projeto foi indicado por mim após observação da turma em todas as suas manifestações com relação ao corpo e suas múltiplas possibilidades, e que seu "eu" corporal e social ainda estava muito centrado nos próprios desejos gerando inquietudes e desentendimentos. Sentimos a necessidade que  a turma aprendesse a se expressar por meio da fala de seus sentimentos, ampliando as questões de socialização e interação.
            Desejávamos que, a partir da consciência do próprio corpo, do conhecimento da sua importância, e dos cuidados que devemos ter  com ele; se criassem possibilidades em que as crianças construíssem  uma imagem positiva  de si mesmas, de suas capacidades  e limitações, e a aprendizagem  do conviver com o outro respeitando as diferenças físicas e emocionais, e de suas relações com o meio ambiente.
            O período de planejamento para este projeto era de no máximo três ou quatro meses, e esta era a ideia da professora; por que, no meio do caminho, as crianças o tomaram para si. O envolvimento das crianças foi tanto que nosso projeto terminou em outubro, sem que em nenhum momento a curiosidade deixasse de estar presente em questionamentos, indagações, pesquisas, experiências e elaboração de hipóteses sobre o assunto. Ao término de nosso projeto fomos visitar o Museu da PUC, e a exposição sobre o corpo humano fascinou ainda mais meus pequenos; mais questionamentos, novas descobertas e a realização de ver bem de perto, em tamanho gigante, tudo aquilo que aprenderam durante o ano.
            Foi apaixonante vê-los tomar conta do seu aprendizado e, neste caminhar, crescer nas suas aprendizagens e principalmente nas suas interações e nos cuidados consigo e com o outro.


domingo, 20 de novembro de 2016

O prazer na matemática





As aulas de Matemática presenciais estão sendo "deliciosas" e divertidas, nos mostrando que a matemática pode e deve ser levada para nossas salas de aula com o mesmo prazer e alegria que vivenciamos no PEAD.
            Cada aula ou estudo de texto, está servindo como base e apoio para ampliar e questionar meus planejamentos e tornar a descoberta da matemática, pelas crianças, umabrincadeira prazerosa. Em todos os meus planejamentos sempre houve a presença da matemática, o que mudou neste último semestre foi que tenho buscado ampliar as experiências ligadas à matemática. Estamos construindo mais jogos e vivenciando as descobertas da matemática, a partir da curiosidade das crianças. Experiências de culinária que nos auxiliam nas representações de quantidades, jogos que despertam o pensamento lógico matemático, a distribuição de talheres na hora do almoço, todas estas experiências prendem a atenção das crianças e aí mora todo o desafio de tornar a aprendizagem da matemática algo prazeroso.


O ensino da Geografia na Educação Infantil

O ensino da Geografia na Educação Infantil

            Quando se fala em ensino da Geografia na Educação Infantil, há necessidade de se pensar na orientação espacial das crianças desta faixa etária. A criança, naturalmente curiosa, faz muitos questionamentos sobre os conceitos de perto/longe, para um lado/para o outro, para cima/para baixo; mesmo antes destas noções serem trabalhadas na escola.
            Inicialmente, a noção de espaço e continuidade do espaço é quase intransponível para as crianças; mas, gradualmente, através das rotinas diárias, inclusive da própria ida à escola, elas começam a delinear suas hipóteses.
             Por isso é de grande importância para a construção da consciência espacial que a criança desenvolva a consciência do próprio corpo em relação aos  movimentos e deslocamentos que este realiza no meio ambiente.
            Os jogos e brincadeiras, vivenciados na Educação Infantil, que trabalhem as  relações espaciais básicas  como: em cima/embaixo, longe/perto, dentro/fora  e a lateralidade ajudarão nesta construção.  
            No início, o espaço é compreendido a partir da vivência da criança no seu dia-a-dia. Em seguida, com o aumento da percepção do ambiente, a compreensão se estende através da memória; a criança já não precisa "viver" o espaço para poder compreendê-lo, analisá-lo e medi-lo.
            No futuro, essas habilidades se mostrarão imprescindíveis para que o aluno das séries iniciais compreenda e saiba ler mapas e cartas geográficas, escalas e projeções.

 Referências:
ALMEIDA, Rosângela D.; PASSINI, Elza Y: Apresentação do livro O espaço Geográfico ensino e representação. Disponível em : http://slideplayer.com.br/slide/400006/. Acesso em 10/11/2016.
CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos; COSTELLA, Roselane Zardon: Geografia e a Cartografia Escolar no Ensino Básico: Uma relação complexa- percursos e possibilidades. In: SEBASTIÁ, Rafael; TONDA, Emilia. La investigación e innovación en la enseñanza de la Geografía. Alicante: UNE, 2016.

O ensino de História da Educação Infantil

O ensino de História da Educação Infantil  

            Na Educação Infantil  podemos e devemos incentivar o ensino e a aprendizagem da História, e sim, se pode fazer isso de forma lúdica e prazerosa a partir do momento em que  despertamos nas crianças  a curiosidade sobre o significado de aprender História.
            Segundo Cooper, para que haja uma compreensão do conceito de tempo é preciso que isto seja significativo para as crianças, para tanto é preciso trabalhar as questões de identidade  a partir delas: seus interesses, sua história, as mudanças em suas vidas, no seu meio.
            E como a história é viva e dinâmica, o passado deve ser ensinado de diversas formas; no texto a autora nos  apresenta uma série de atividades que visam trazer para perto das crianças a compreensão do que é História.  Atividades estas que permitem às crianças compreender a mudança do tempo, a simultaneidade  dos acontecimentos,  que formulem hipóteses, tenham argumentos, tracem comparações entre o hoje e o passado, que ampliem seu vocabulário.
            Um fator importante de se levar em conta neste momento é a imaginação e a curiosidade das crianças pequenas; podemos, a partir de brincadeiras, jogos, exploração de imagens, construção de calendários, canções, pesquisas, brinquedos, contação de histórias, construir conceitos históricos e aprender sobre o passado, pois conforme a autora: "Descobrir sobre o passado, então, torna-se uma contribuição importante ao desenvolvimento pessoal, social e emocional. Auxilia as crianças a respeitar culturas, ter consciência da sua própria e a considerar as consequências das ações" (p.184).
            E a partir destas colocações, reafirmamos a importância de revermos o velho preconceito de que história é aquela matéria "chata" que aprendemos na escola, onde decorar datas e nomes de personagens era tudo que aprendíamos. (Aprendíamos?). Neste momento, é importante rever nossa prática, pois tornar compreensivo, mas principalmente significativo o ensino da História desde a Educação Infantil é a certeza de que estamos preparando nossas crianças para o exercício da cidadania.
Referências:
COOPER, Hilary. Aprendendo e ensinando sobre o passado a crianças de três a oito anos. (tradução)





sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Ciências e criança? É possível?

"O  ensino  de  ciências  na  educação  infantil  acontece  preferencialmente integrado  às  demais  áreas  de  conhecimento,  proporcionando,  através  dos  conhecimentos  acumulados,  teorias,  metodologias  e  instrumentos  da  área,  uma riqueza de possibilidades de exploração do mundo realizada pelas crianças. " (Rosa , Russel Teresinha Dutra da. Ensino de Ciências e Educação Infantil )
Provocar a curiosidade das crianças tem sido uma prática que procuro ser constante em minhas turmas.
Proporcionar a eles experiências a partir da qual façam novas descobertas é gratificante para quem tem em mente que o papel do educador é auxiliar na construção da autonomia das crianças e proporcionar que elas desenvolvam um pensamento crítico.
As aulas da interdisciplina de Ciências vieram  a corroborar e dar “munição” para este propósito, pois nos fizeram ver que o fazer Ciências é bem mais do que a imagem de experimentos científicos, tabelas e fórmulas  a serem decoradas.
Apresentou-nos uma ciência que deve ser vivida, estimulada em cada pequeno detalhe e em cada busca por respostas, e principalmente que pode e deve ser interligada a todo restante do currículo.
Amei fazer com meus pequenos o experimento científico, não pela mostra do resultado concreto, mas muito mais pelos olhos curiosos, pelas hipóteses criadas por eles para explicar o fato, mas principalmente por ter acompanhado o despertar das dúvidas, a discussão do: “Eu acho que..."!



sábado, 5 de novembro de 2016

Ah! A Matemática.

Ah! A Matemática

      Cada vez que peço ao meu marido que me ajude a recortar algum material para levar para  a escola, e os recortar, saem "assim, assim". Escuto a mesma resposta: "Amor, você sabe que não fiz Educação Infantil." Pensava até então que era uma desculpa para não me ajudar. Mas, depois de várias leituras dos textos indicados em aula percebi o quanto ele pode estar sendo sincero, pois a Educação Infantil é o início prazeroso e não traumático (ao menos deveria ser) da construção de várias noções do mundo que vem pela frente.
     Em matemática, por exemplo, que por muitos é considerada o "bicho papão", o "horror dos horrores"; após ler os textos: Alfabetização matemática nas séries Inicias - O que é: Como fazer? , ao lermos:
Para que o aluno aprenda matemática, ele precisa se sentir seguro diante de sua representação, precisa descobrir o caminho de uma relação menos angustiante, substituindo o caráter que o oprime na aprendizagem pela alegria da descoberta, para que juntos, aluno e professor, possam aprender, criar e recriar seus conhecimentos. (Lourenço, Baiochi e Teixeira, p.33).
     Ao passo que, em: A matemática em sala de aula, quando Smole e Muniz nos dizem: "Todas as crianças são capazes de aprender e os professores estão diante do desafio de promover este processo" (2012, p.47),  podemos perceber a importância de trabalhar desde a Educação Infantil à alfabetização matemática, os conceitos que nos acompanharão pela vida a fora. Tudo bem, pois na EI, aprender denominações como: somar, subtrair, multiplicar, dividir, grandezas, tempo, medidas não são o principal objetivo, mas sim vivenciar cada uma destas noções e conceitos. E fazer isso brincando, de forma lúdica e prazerosa deixará marcas bem profundas.
     Quando uma criança de seis anos vira para ti e diz: "Profê,  hoje só veio meia dúzia de crianças, né"?  Querendo com isso, a partir da sua vivência, dizer que tem poucas crianças em sala, você, a meu ver, terá duas opções: Concordar com ela, pois entende o que ela quis dizer, ou questionar: "Meia dúzia? O que é meia dúzia?" E a partir desta colocação da criança proporcionar o desenvolvimento de muitas aprendizagens.

     Cito este exemplo por que aconteceu comigo, e a partir disso passamos uma boa parte da manhã aprendendo sobre o que é uma dúzia, o que é meia dúzia e o que significa no popular dizer "meia dúzia". Legos, blocos e carrinhos nos ajudaram a descobrir quanto é uma dúzia, e separando-os um pra um lado, outro para outro lado, descobrimos que meia dúzia "é o meio".

domingo, 9 de outubro de 2016


E eis a Matemática!

                   A primeira aula de Representação do mundo pela matemática foi bem  intrigante. Nos fez parar e pensar. Parar pela leveza com que foi apresentada e pensar por que iniciou pondo velhos conceitos, no mínimo, em dúvida. O monstro verde da matemática pareceu um bichinho de pelúcia.
                   No meu caso,  professora da Educação Infantil, saí da aula segura de que cabe a mim estabelecer nas crianças um olhar lúdico sobre a matemática  para que, desde a infância, tenham curiosidade e entusiasmo sobre ela, proporcionando experiências que os façam pensar "matematicamente" e relacionem este pensar com suas vidas/cotidiano.
                   Vou continuar no rumo, pois penso ser o certo; vamos  organizar nossos carrinhos e bonecas, fazer uso de muitas tampinhas para construir castelos, ruas, cidades. Seriando, quantificando e sequenciando de uma forma lúdica e, desta forma, iniciando a linguagem matemática e a construção do pensamento lógico matemático.
           
       Em meus planejamentos a matemática está sempre  presente, em jogos, brincadeiras, culinária, etc.
                   Espero que esta  interdisciplina me auxilie muito na determinação de fazer com que a alfabetização matemática esteja presente em cada fazer com minhas crianças.





segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O fazer a história!

                 Após ler o texto "O  ensino da história no Brasil: trajetória e perspectiva", eu fechei os olhos e pensei na História, na minha História. E a citação de Murilo Mendes (1935) citado por Nadai (1993)i,  traduziu as minhas lembranças: [...] decorando o mínimo de conhecimento que o "ponto" exige[...]."
                 Fecho os olhos e as primeiras lembranças que surgem são de um guarda-pó branco e uma bandeirinha do Brasil em punho, a cada vez que se comemorava  a Independência do Brasil e o presidente da República vinha visitar a cidade. Outra lembrança que povoa minha trajetória  escolar é o tilintar do relógio, de aros prateados e enormes, da minha professora de história; enquanto as longas unhas pintadas  de branco tamborilavam sobre a mesa, ao mesmo tempo em que ela tomava oralmente um dos três pontos que havíamos estudado e  que fora sorteado ali naquele momento.
                Datas, nomes, locais... tudo isto "gravado" na ponta da língua, mas nada "sabido", nada significativo, as lembranças daquela  época são estas,  além das tais datas comemorativas que até hoje não gosto, ao menos não na forma que infelizmente ainda são apresentadas em muitas salas de aula:  Índios com penas coloridas, bandeiras do Brasil decoradas com todo tipo de material, cruzadinhas sobre o Descobrimento, um traidor enforcado, e uma república "livre"  entre outras tantas.
               Dos meus 14 para 15 anos, a História passou a ter significado para mim, deixou de ser apenas datas, heróis  e locais. Passei a conhecer a História no meu fazer e reconhecer,  sujeito da minha própria história e principalmente da história vivida pelo meu país naquele momento.




               Acompanhar o panorama descrito por Nadai nos dá a certeza que muita coisa mudou, e para melhor, em relação ao ensino da História, mas certamente muito há ainda para evoluir.  Caminhemos e contribuamos para que cada vez mais o ensino da História tenha uma pedagogia que permita a nosso  aluno colocar-se como ator e autor da sua história, e que ocupe seu lugar na sociedade e no seu compromisso histórico.


sábado, 16 de julho de 2016

Chega ao fim mais um semestre!


Um semestre de muitas experiências, muitas novidades, muitos desafios no trabalho, na faculdade e na vida.
Neste ano comecei uma experiência nova na escola, troquei de nível, depois de dois anos com maternais, iniciei com uma turma de Jardim B, a mesma turma com quem trabalhei no meu primeiro ano na escola. Uma escolha emocional me despedir de quem me deu as boas vindas.
Tem sido até agora uma experiência bem motivadora e que tem causados muitos movimentos. Um completo turbilhão de ações e emoções, por vezes difícil, mas sempre gratificante. Todo dia é um faz e refaz, um pensa e repensa do meu fazer pedagógico para poder contemplar necessidades da turma.
Em meio a este movimento todo, o semestre do PEAD trouxe novas e interessantes interdisciplinas com motivações e  questionamentos, que se encaixaram dentro do meu semestre em sala.
As noções vistas na interdisciplina de Música da escola  vieram corroborar com o que já havia aprendido na prática: importância da música no desenvolvimento das crianças. O tanto de prazer e ludicidade com que elas trabalham  música no seu aprendizado também demonstrou que podemos sim nos arriscarmos mais no ensino da música com os pequenos; não só ficar repetindo músicas conhecidas, mas também incentivar que as crianças, mesmo as bem pequenas, criem suas próprias  músicas e explorem a sua musicalidade.
Uma das aulas mais importantes em Música foi sobre os cuidados que devemos ter com nossa voz enquanto principal instrumento de trabalho.
Em Ludicidade e educação, o grande número de recursos sobre jogos e  brincadeiras virou fonte de pesquisa diária, para propiciar momentos cada vez mais divertidos às crianças.
O embasamento teórico de que incentivar e reconhecer as brincadeiras em sala como um fator importante para o desenvolvimento em todas as áreas do conhecimento das crianças nos dá a segurança e os argumentos necessários para a "defesa" desta prática.
Na interdisciplina de Literatura, só prazer. O prazer da leitura, o prazer de descobrir mundos e fantasias. Na educação infantil, o espaço pedagógico da literatura é imenso e capaz de fazer frutificar o melhor que se tem na criança e no seu desenvolvimento.
Estudar um pouco mais sobre os vários gêneros tem contribuído muito para meus planejamentos me levando a cada vez mais diversificar e abordar diferentes aspectos da literatura infantil.
Nas aulas de Libras, a seriedade da luta dos surdos por seus direitos políticos, a legislação, as questões socioculturais e educacionais, além de noções básicas da língua.

Os estudos sobre o planejamento de aprendizagem, realizados na interdisciplina de Seminário III, vieram consolidar a prática de projetos que vivencio em minha escola.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

A importância do desenho na escrita

O desenho na educação infantil é de extrema importância na construção da escrita, segundo Vygotsky  o processo da escrita inicia muitos antes da professora colocar um lápis em suas mãos e mostrar as formas das letras. Para Vygostky há toda uma relação entre desenho, gesto e brinquedo e que todos contribuem para a linguagem escrita.
Proporcionar às crianças desenhar é propiciar graficamente suas experiências e seus aprendizados.
É muito importante permitir e incentivar as crianças desenhar para que possam desenvolver sua escrita.
Em seu artigo,: Ver, criar e  compreender, Analice Dutra Pillar, descreve uma linha de evolução comum aos sistemas de desenho e de escrita, e nele tece os panoramas entre o desenho e a escrita.

 


O  jogo e a matemática na educação infantil.


Os jogos matemáticos na educação infantil configuram-se como uma ferramenta essencial na função pedagógica:  desenvolvem e potencializam a compreensão das regras.
Regras são importantes na vida social, e despertam o companheirismo e a interação.  Utilizar jogos como instrumentos educativos oferece as crianças uma aprendizagem significativa.
O lúdico do ensino da matemática desperta nas crianças uma aprendizagem divertida que acabam por desenvolver e estimular a solução dos problemas e explorar novas possibilidades além de desenvolver as noções matemáticas e o raciocínio lógico matemático.Como nos diz Kishimoto( 2011, p.107)
 As crianças ficam mais motivadas a usar a inteligência, pois querem jogar bem; sendo assim, esforçam-se para superar obstáculos, tato cognitivos quanto emocionais. Estando mais motivados durante o jogo, ficam também mais ativas mentalmente.
Usando os jogos como simplificador trabalhamos as dificuldades das crianças desenvolvendo sua capacidade de observar,  descobrir e pensar.Assim buscamos formar sujeitos críticos, com criatividade e capazes de resolver problemas e buscar soluções.
Os jogos nos permitem ampliar o conhecimento e estimular o desenvolvimento das crianças ampliando e entrando no mundo da imaginação e da fantasia, reelaborando assim os conceitos da vida real.





A literatura


Sala dos livros, turma explorando  cada um deles  e seus mundos mágicos.
De repente um grito: "Profe corre aqui"!
Aí tu atravessas a sala correndo até o canto onde dois alunos estão com um livro na mão e pergunta preocupada:  "O que houve"?
Um deles te olha com ar entre espantado e o inacreditável e diz: "Profe, o Lucas sabe ler"!
A preocupação dá lugar à curiosidade, tu olhas  e diz: "Como assim"?!
 - "Ele leu o livro todo"!
O tal Lucas com o ar de poder, pois sente que impressionou o colega te olha e diz:  "Quer que eu leia pra ti profê"?
-"Claro que quero, pode começar a ler".
O grande livro sobre dinossauros é aberto com solenidade e respeito e inicia-se a "leitura".
Quando o livro chega ao fim, tu parabenizas a "leitura" e o "leitor", vai para um canto e se encanta com a figura.
Não é que o danado sabe ler! A cada figura surgida nas páginas do livro ele foi interpretando e junto com seu conhecimento, sua imaginação  e suas aprendizagens foi contando a história.
"E os dinossauros nascem dos ovos, quando são filhotes e depois crescem são os animais maiores do mundo".
"Os osso dos dinossauros são como os da gente. São brancos e grandes. Mas,  são mais maiores que os das pessoas".
Isso é leitura! Isso é compreensão!
O trabalho com a linguagem oral, auxilia as crianças na preparação dos textos, pois mesmo que não escrevam, elas nas produções orais organizam as ideias, tem coerência na narrativas de suas histórias.

Mostra a importância  do letramento, da convivência das crianças com os livros e com todo tipo de texto.

Sanções por reciprocidade

Ouve-se pelos corredores e nas sala dos professores sempre a mesma queixa: " Esta turma está impossível", " Fulano não dá mais.", "Antigamente não era deste jeito, havia mais respeito.", "Hoje deixei três sem recreio.", Hoje Beltrano ficou sem brincar."
A queixa a respeito do comportamento das crianças em sala é frequente, assim como muitas vezes percebemos que os "castigos" também o são.
O que penso é que muitas vezes estamos esquecendo do nosso papel de formadores e nos deixando  levar pela rotinização e a normatização do papel de controladores ou punidores.
Para isso é necessário ter sempre em mente, e principalmente em prática,  as sanções por reciprocidade relacionadas por Piaget, que são:
1 – Consequência naturais (a privação resulta diretamente da ação, (quebrou ou perdeu)
2 – Compensações (consertar ou substituir)
3 – Privar o transgressor do objeto mal-usado ( um brinquedo, computador, etc)
4 – Exclusão do grupo até que consiga seguir as regras do mesmo. ( do jogo ou da atividade)
5 – Fazer à criança o mesmo que ela fez. (só no caso de recusar ajuda-la)
6 – Censura ( para que perceba a transgressão do vínculo de solidariedade decepcionando)
O que não podemos descuidar é de como aplicamos cada uma delas, pois qualquer uma destas sanções podem ser implementadas de uma forma punitiva.
Penso que a cada dia devemos rever cada uma das nossas atitudes em relação a isso.
O tempo de queixas no intervalo do cafezinho poderia ser trocado pelas discussões produtivas do como nos manter alertas e vigilantes sobre nosso próprio fazer pedagógico.


A lei a a relidade

A letra fria da lei diz: "No nível de jardim B para cada 25 crianças, um adulto".
O que a lei não prevê é que dentre estes 25 pode haver uma crianças ou mais com necessidades de um acompanhante mais específico. E que mesmo que se encaminhe para diagnóstico e tratamento, muitas famílias se recusam a isso ou quando dão atenção e buscam assistência médica, ela leva de 1,5 a 2 anos para ser conseguida.
Neste caso  a menos que você esteja em uma escola que realmente acredite  que estamos ali para cuidar e educar e de um jeito ou outro dê suporte e amparo; este educador vai seguir tentando cuidar e tentando educar  estas 25 crianças.

E muitas vezes se perguntando se não está conseguindo fazer seu trabalho, pois literalmente ter que estar com "um olho no peixe e outro no gato", acaba , muitas vezes, por nos fazer perder ambos de vista.
LIBRAS uma língua, uma luta!


Das aulas de LIBRAS ficaram  grandes questões: Por que é preciso que uma parcela da nossa sociedade tenha que lutar tanto, sofrer tanto para se fazer respeitada?
Por que o preconceito ainda acompanha estas pessoas, e a língua de sinais (LIBRAS) ainda não alcançou o status de língua;  ainda é vista como "mímica", "português falado com as mãos"?
Por que uma lei tão bem escrita, tão bem elaborada e tão importante ainda está "fingidamente" sendo cumprida?
Por que nós, ouvintes, ainda olhamos admirados para um surdo sinalizando com outro, e não paramos de "boca aberta" ao ouvir duas pessoas falando entre si?
Das coisas boas e lindas que esta interdisciplina deixou foram: A descoberta da literatura surda, pois até agora só conhecia a literatura em Braile; a luta dos surdos pelo respeito que lhes é devido, como direito de cidadão.
Enquanto vagava pela internet em busca de respostas às questões da interdisciplina, li e vi muitas coisas a respeito da luta dos surdos pelo respeito que lhes deveria ser inerente.
Entre muitas coisas achei estas falas que copiei e agora divido:
* Aprender Libras é respirar a vida por outros ângulos, na voz do silêncio, no turbilhão das águas, no brilho do olhar. Aprender Libras é aprender a falar de longe ou tão de perto que apenas o toque resolve todas as aflições do viver, diante de todos os desafios audíveis. Nem tão poético, nem tão fugaz... "Apenas um Ser livre de preconceitos e voluntário da harmonia do bem viver". Luiz Albérico B. Falcão.

**QUANDO EU ACEITO A LÍNGUA DE SINAIS, EU ACEITO O SURDO E O SEU DIREITO DE SER SURDO.

Cidadãos autonomos

Quando falamos em formar, preparar nosso aluno para ser um cidadão, a primeira coisa que devemos proporcionar a ele é autonomia.
Mas, ser uma pessoa autônoma não é sinônimo daquela que faz o que quer; o que deseja sem respeitar as pessoas que convivem com ela. Mas sim, é viver em harmonia dentro de regras e combinações feitas no seu grupo.
"Do ponto de vista moral, a cooperação leva não mais à simples obediência às regras impostas, sejam elas quais forem, mas a uma ética da solidariedade e da reciprocidade. Essa moral caracteriza-se, quanto à forma, pelo desabrochar do sentimento de um bem interior independente dos deveres externos, ou seja, por uma progressiva autonomia da consciência, prevalecendo sobre a heteronomia dos deveres primitivos". (PIAGET: p.118). 
Dentro de uma sala de aula, esta harmonia é alcançada quando se desenvolve o respeito entre adulto x criança e criança x criança,  e a melhor forma de se construir estas regras e combinações é em conjunto, onde a partir de conversas e ações este grupo aprenda a respeitar uns aos outros.
Quando se trabalha com crianças pequenas às vezes é uma tarefa árdua, pois o egocentrismo e a falta de empatia, característicos da idade, tornam difícil a construção ou a manutenção desta moral.
É neste momento que, muitas vezes, os adultos se perdem, deixando de lado o afeto, o acolhimento e o respeito entre o adulto e a criança,  esquecendo ou naturalizando  as sanções expiatórias, ou transformando as sanções por reciprocidade em punição.
O perigo deste momento é a negligência se fazer presente. Para que isso não aconteça é preciso que o educador reveja suas ações, suas convicções  e reforce nas crianças o estímulo à construção e revisão das regras ligadas à cooperação e igualdade, levando-as a compreender suas faltas e percebendo que devem corrigir sua conduta. Neste momento devemos auxiliá-los nesta (re)construção de sua moral.

Referência bibliográfica:
PIAGET, Jean. O julgamento moral na criança. São Paulo: Mestre Jou, 1977.




segunda-feira, 30 de maio de 2016

Avaliação

Avaliação

  É chegada a hora, não de iniciar as avaliações, mas sim de começar a compilar todos os registros e apontamentos feitos até então em um relatório de acompanhamento individual.
  É quando se trabalha com uma avaliação onde o mais importante é a continuidade; o  observar diário do aluno em toda sua integridade, sua capacidade cognitiva, motora, suas relações interpessoais e suas construções. Uma avaliação onde o aluno é acompanhado desde seus processos de adaptação ou readaptação, onde os pais são (re) apresentados ao projeto iniciado pela turma.
  Este relatório deve ser o raio-X da participação da criança em sala, de suas preferências no brincar, nas experiências propostas. É nele que o educador deve relatar sua observação sobre  oralidade, grafismo, corpo, movimento, noções matemáticas, conhecimentos e saberes sobre  a natureza; enfim o cotidiano da criança deve ser relatado neste relatório.
  Este relatório acaba se consolidando, não na avaliação do aluno, mas sim, no fundo, na avaliação do fazer do professor; pois para chegar à observação, este professor, consciente da sua posição de mediador, já deve ter a muito tempo avaliado cada uma das suas proposições às crianças, na sua prática de sala de aula.
  Então, na verdade, este é um relatório que espelha a criança, mas sobre tudo reflete no fazer do seu professor.

  Pretendo não sumir neste tempo... Afinal, além de avaliar o meu fazer pedagógico em sala, devo também avaliar o meu fazer como aprendiz. 

domingo, 22 de maio de 2016

Notícias

Estou de volta!

             Estive ausente por duas semanas, mas tenho lá minhas justificativas... Ai de mim se não as tivesse!!!
            Nestes últimos 15 dias eu passei por duas experiências bem distintas: uma lombalgia aguda, que me impediu de sentar mais que 10 minutos enfrente ao PC, e o prazer e surpresa em ter um artigo aceito em uma revista. Aí, já viram né? Vai texto, volta texto para correção, vai texto, volta texto para complementação, e eu mal podendo escrever duas linhas sem chorar de dor.
           Mas, a partir de amanhã isto terá passado e estarei de volta à vida normal! Na semana não cumprirei o combinado de uma postagem por semana, pois duas se passaram e não tem volta, mas vou procurar duplicar as postagens nas próximas.
          Meu artigo, aceito pela revista, era sobre um projeto que desenvolvi na escola em 2014, aliás, vale dizer meu primeiro projeto enquanto professora da Educação Infantil.
         Encaixou direitinho com o que estamos vendo em Seminário III, última aula presencial.
         Meu projeto desenvolvido para um Maternal 2B se enquadra dentro dos projetos de aprendizagem, estudados e debatidos no PEAD.
         Foi a princípio um projeto que partiu da observação de algumas necessidades apresentadas pelos alunos enquanto grupo, e algumas particularidades.
        O planejamento das experiências tinha, a priori, um rumo, uma determinação minha, como ponto de partida, mas depois foi se adequando e se desenvolvendo junto com a turma, suas curiosidades, suas indagações  e saberes anteriores.
         Durante todo o desenrolar do projeto, fui a mediadora, a orientadora das experiências propostas por mim e das propostas de experiências levantadas pelas crianças, durante as suas descobertas.
         Ao final do semestre pudemos avaliar que a problematização, levantada no início do projeto, foi plenamente respondida. Havíamos alcançado nosso objetivo enquanto educadora, e com certeza as crianças tiveram sua curiosidade despertada em suas experimentações.
         Apesar de ser um Maternal 2, onde a pouca idade aparentemente pode trazer preconceitos de que não venham compreender, questionar ou levantar hipóteses pude testemunhar que isso é um equívoco. Os saberes demonstrados por eles no início do trabalho vieram a somar às novas descobertas e isso de uma forma prazerosa, tanto para mim como para cada um deles.
         Nosso projeto tinha por tema principal os cinco sentidos, tema que muitos podem achar " batido" dentro da educação infantil, e creio pode sim, fazer parte daqueles "títulos" que muitos guardam na gaveta como uma aposta liquida e certa.
       Só que o enfoque e as experiências propostas tiveram um diferencial, que chamou a atenção não só das crianças, como o seu resultado chamou a atenção da coordenação da escola, que sugeriu o envio do relato do projeto a uma revista. E cá está o resultado... Negociando, revisando, ajustando para a concretização da edição.
        Até a publicação, não devo tornar público nenhuma parte do projeto, mas assim que ela for liberada, posto aqui um relato sucinto do mesmo.
        Esta de hoje não será uma postagem padrão, com todos os quesitos que deveria ter; sou ciente disso, mas no momento todos os meus aprendizados estão voltados para a conclusão do artigo.