domingo, 14 de junho de 2015

Domingo produtivo.

Reflexão sobre os grandes modelos pedagógicos e epistemológicos.

Lendo os textos pude traçar um paralelo entre o que vivi na minha vida educacional, como aluna, e o que hoje vivo como educadora.
Como aluna, relembro de professores que passaram pela minha vida, e que dentro de suas realidades me fizeram vivenciar ao menos dois dos modelos apresentados no texto.
O professor diretivo
Um professor de matemática, que me fez por muito tempo odiar esta matéria, que era o típico professor  da pedagogia diretiva. Em aula, silêncio total e só ele sabia , até mesmo da maneira que ensinava, foi um ano em que todos rodaram em matemática.
A professora  relacional
E uma professora de história que era, mesmo sem saber,  completamente relacional. Que me além de me fazer amar história, me fez entender que sim é necessário saber datas e nomes, mas que antes de tudo é necessário que se entenda o porquê disso. Fazia-nos "viajar" em sala vislumbrando e "vendo" os acontecimentos passados e os ligando ao nosso presente. Fazia-nos descobrir de maneira investigativa, os fatos e acontecimentos históricos. Deixava-nos descobrir por nós mesmos, sempre proporcionando novas e curiosas descobertas.
Penso que muito da dispersão encontrada em sala de aula nos dias de hoje advém de professores com as  características das duas primeiras pedagogias apresentadas.
Pois reprimir, limitar, engessar alunos em sala de aula, nos tempos de hoje é completamente irracional.  Achar que, ainda hoje, uma criança é completamente vazia, sem nenhum conhecimento prévio é negar a evolução do ser humano, é negar que os meios midiáticos estão presentes e "ensinando" nossas crianças. Pensar-se " dono do mundo" nas questões do saber, ou de qualquer outra questão nos dias atuais é no mínimo "viver fora da casinha", como dizem as crianças.
Esta ao que me parece é uma forma ditatorial, de ensinar. Ensinar? Será que é possível aprender desta forma, ou aqui funciona a decoreba daquilo que sabem ser o conhecimento necessário e o comportamento essencial para "passar" com o professor diretivo.
Como crianças tratadas desta forma, não serão dispersivas? Pode até no comportamento físico manterem-se dentro do "esperado", quietas, caladas com seus corpos comportados na cadeira. Mas mentalmente serão dispersivas, serão aquelas crianças que estão em corpo, mas não em mente dentro da sala de aula. E no fim das contas, na hora das belas avaliações feitas por este professor será aquela criança taxada de quietinha, comportada, mas que "deve ter algum problema é super comportada, mas não consegue aprender nada."
Por outro lado deixar que o aprendizado "role solto" sem nenhum comprometimento com o aprendizado das crianças, que é na verdade o que me parece acontecer na não ação do professor  não diretivo,  é também uma forma ditatorial de estabelecer quem pode e quem não pode aprender.  Parece-me ser uma posição cômoda, para um professor não diretivo, deixar que as crianças aprendam por si, dentro das suas perspectivas e necessidades. Mas ele não toma, nem se importa em tomar conhecimento das perspectivas e necessidades destas crianças.
Lembrei-me da postagem de uma colega, que apontou a fala de outra professora na escola onde atua: "Deixa, no jardim ele aprende". Pois é, me parece ser esta a típica fala de um professor não diretivo. Crianças com maior dificuldade  cognitiva ficarão jogadas ao descaso? Uma criança  que, em casa, não tem, por exemplo,  contato com livros, continuará em sala de aula sem este conhecimento? Pois, se este professor parte do princípio de que  está ali só para auxiliar o despertar conhecimentos já existentes e a vivência com livros não existe, como ficam estas crianças?
E ai me vem também a fala de meu marido no início do ano letivo: "Eles estão no quinto ano e não sabem ler, nem somar. Como isso é possível?" E agora, o que responder, como equacionar esta questão? Estas crianças vivem em um modelo - escola -  onde tiveram professores que ao longo dos anos exigiram silêncio e atenção para repassar os seus conhecimentos e não conseguiram? Ou tiveram professores que deixaram por conta deles, alunos, o aprendizado?
Estimular os conhecimentos existentes, despertar e auxiliar a construção do conhecimento  e da aprendizagem pode às vezes parecer mais trabalhosa, para quem olha as ações de um professor relacional, mas o resultado deste trabalho é com certeza mais gratificante, quando se avalia o ser professor, o ser educador.
Importar-se, comprometer-se com o ensino e a aprendizagem, penso que são as condições básicas para o professor relacionista. É aquele professor que acredita no seu aluno, que auxilia o seu aprendizado, sabendo que aquilo que o aluno traz consigo não é suficiente para seu aprendizado, que este conhecimento trazido pelo aluno aliado ao conhecimento - conteúdo - que o professor traz consigo é que fará com que o desenvolvimento deste aluno se complete.
Este é o professor que ensina e aprende. Que junto com seu aluno faz descobertas que serão úteis aos dois; um,  no construir do seu conhecimento  e outro - o professor - no aprendizado daquilo que seu aluno lhe ensinou e que mais tarde poderá ser usado no auxílio de outro aluno.

Hoje vivemos na busca de uma escola, de forma completa, vivenciando métodos globalizados e os enfoques  globalizadores buscando formar cidadãos que pensem, que revindiquem seus direitos, que tomem consciência de seu lugar no mundo. Nesta escola, com certeza, só tem espaço para professores que se envolvam e pratiquem no mínimo a pedagogia aqui traduzida como pedagogia relacional.

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