sábado, 18 de maio de 2019


Revendo todas as postagens do blog, percebi que durante todo o curso a cada início de semestre a mesma promessa: escrever no blog sem sofrimento; e a cada fim de semestre a mesma constatação: consegui escrever de forma simples e verdadeira sobre aqueles assuntos que me foram significativos.
Cada um tem seu tempo de aprendizagem e isso não importa se temos 3  ou 50 anos, se estamos iniciando na Educação Infantil ou se estamos fazendo mais uma graduação. Só damos a devida importância e só damos significância àquilo que realmente nos toca. Revendo os escritos destes 4 anos pude perceber claramente quais foram os que fiz para cumprir “regulamento” e quais realmente me foram ricos em aprendizagens e na construção do meu conhecimento, e este fato me faz pensar não seria a hora dos professores do PEAD refletirem sobre a obrigação de certas práticas?
Posso dizer e confirmar que ter terminado esta graduação, realmente fez a diferença no meu fazer pedagógico, mas muitas das “ obrigações” do curso por mim poderiam ser dispensadas, e uma delas foi a obrigatoriedade do escrever 15 postagens semestrais, pois muitas vezes pudemos perceber que dentre estas algumas foram feitas somente para cumprir “tabela” sem que verdadeiramente fossem representativas. Mas “ok” está cumprida a tarefa, mas com certeza delas iremos aproveitar somente aquelas que valorizamos e que representaram as tais aprendizagens propostas e estimuladas.


Quando  revemos os ensinamentos de Rays a respeito do planejamento pudemos perceber o quanto os pontos destacados por este  podem influenciar e organizar nosso trabalho junto aos alunos no que tange desde sua formação até o espaço de mundo de que se apropriam.
Conhecer e estabelecer relações com a comunidade na qual a escola está inserida podemos com clareza estabelecer e compreender  todos os elementos que a formam.
Para que conheçamos nossos alunos, é imprescindível  que tracemos seu retrato sociocultura, escutar cada uma destas crianças e famílias em suas especificidades se faz necessário para podermos estabelecer uma relação de diálogo entre escola x família.
Ao planejarmos os objetivos de ensino-aprendizagem devemos levar em conta não só as vivências e os conhecimentos anteriores de nossas crianças como também suas necessidades e suas curiosidades.
As metodologias escolhidas para trabalhar devem sempre ter por objetivo desenvolver as possibilidades de assimilação das crianças. E é a partir da observação destas assimilações que avaliamos as aprendizagens construídas e alcançadas pelas crianças. Os registros diários passam a ser o ponto de partida não só para a avaliação das crianças , mas principalmente da avaliação do nosso próprio fazer pedagógico.
Quando chegado o final de cada semestre, ao menos na Educação Infantil, é a hora de fazer os relatórios de cada uma das crianças, e neste momento nós, educadores  nos valemos da análise do nosso planejamento e do que dentre eles foi significativo e contribuiu na construção do conhecimento das crianças. Este é momento de rever e reavaliar tudo aquilo que estabelecemos dentro no nosso planejamento.

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Penso ao reler a postagem  que analiso agora: escrever baseada na teoria é bem mais fácil escrever sobre o fato vivenciado.
No inicio deste ano foi informada pela direção da escola que iria receber uma criança laudada com Altas habilidades, claro que bateu um medinho. Corri para reler todos os textos da interdisciplina de Educação de pessoas com necessidades educacionais especiais além de buscar outros referenciais que me auxiliassem no trato com esta criança.  O primeiro passo foi ler o laudo do especialista e ver se a partir desta leitura eu pudesse identificar por onde começar os estudos e possibilidades.
Admito que as leituras foram bem esclarecedoras, mas nem se comparam ao fato de conhecer a criança e sua família, durante a entrevista que diferentemente das outras durou certa de 1h30min, mas principalmente de conhecer e conviver diariamente com ela.
Em um primeiro momento, a partir das informações dos pais e na observação inicial das características apresentada pela criança, baseada nos Parâmetros Curriculares Nacionais, foram definidas as primeiras estratégias de trabalho.
Passado alguns dias, reunimos a equipe para refletir sobre o que havíamos planejado. Com a verificação dos registros de cada uma das quatro educadoras da turma tivemos o seguinte cenário: a criança tem um vocabulário avançado e riqueza verbal é independente e autônoma,possui uma grande criatividade e imaginação, tem boa memória e curiosidade aguçada, habilidade para lidar com situação imaginária entre outras especificidades. A família enaltece, mas ao mesmo tempo cobra comportamento em relação a  sua condição de altas habilidades.
Mas também chegamos à conclusão que esta criança não sabe brincar, o que nos deixou bastante preocupadas, pois nesta idade, 4 anos, sua grande preocupação ao invés de falar corretamente o português deveria saber brincar. E é esta agora nossa nova estratégia: fazer com que esta criança aprenda a brincar e interagir com seus pares.



o fazer a diferença



            Este ano repito uma experiência que tive em  2017, ter uma turma de crianças de 20 crianças que estão tendo pela primeira vez contato com a escola. Novamente um desafio instigante e prazeroso.  Já com mais experiência e coberta pelos estudos, iniciei o ano com uma sala repleta de elementos conhecidos pelas crianças, bonecas, carrinhos, panelinhas, folhas brancas e giz de cera, colocados a sua disposição e à vista. Passado o período de adaptação percebi que já era hora de lançar a eles novos desafios, e como estão ali para brincar e interagir a resolução foi: vamos trazer novos brinquedos, novas formas de brincar, outros elementos que estejam presentes não no seu dia-a-dia, mas que instiguem a curiosidade e as novas descobertas.
Em uma segunda-feira ao chegarem à sala, encontraram uma ou duas bonecas, dois ou três carrinhos dentro dos nichos, a novidade estava sobre os balcões:
  • cestas com galhos e tocos de madeira;
  • caixas com cones, canos plásticos, molas;
  • panos de todos os tamanhos e cores;
  • papeis coloridos, grandes e pequenos, lixas, jornal, retalhos de papelão, no lugar das folhas brancas;
  • na gaveta ao lado do giz de cera, canetinhas hidrocor, lápis grafite, lápis de cor, caneta esferográficas, tintas e pincéis.
Foi bem interessante observar as carinhas de surpresa e o não saber o que fazer com aqueles elementos, alguns conhecidos, mas não para brincar! Foi um começo tímido, um brincar meio desconfiado, uma exploração lenta, mas intensa. Pudemos registrar neste período suas descobertas, seus experimentos em unir estes elementos para as construções. Teve até uma das meninas que enrolou um toco um pouco maior e saiu embalando, como se fosse uma boneca.
Passado este primeiro momento de experimentação, o que posso registrar é que não há mais como tirá-los da sala, pois eles foram completamente incorporados nas brincadeiras, nas experiências das crianças. Resta agora sim, a busca por diferentes elementos.
Penso que este gesto simples de proporcionar brincadeiras e descobertas com diferentes objetos tem auxiliado em um processo para uma  aprendizagem completa.  Como nos diz Becker e Marques a aprendizagem é um processo de desenvolvimento e deve ser construído em uma escala evolutiva de níveis mais simples para os mais complexos. E que como mediadores devemos buscar enriquecer este processo de desenvolvimento e uma destas formas é na busca de recursos que tenham significado.
“Formular questões desafiadoras e que, ao mesmo tempo, estão dentro das possibilidades do sujeito é uma forma de educar que contempla, simultaneamente, a aprendizagem do ponto de vista cognitivo e, além disso, satisfaz a dimensão afetiva do processo de aprendizagem.”

 Outra questão levantada no texto é a respeito da afetividade e da sua importância no processo de construção do conhecimento que tem por consequência a aprendizagem dos pequenos. E com certeza há um grande contentamento e afetividade em brincar e aprender.


Referência
BECKER, Fernando; MARQUES, Tânia B. I. Aprendizagem humana: processo de construção.Texto publicado na Pátio. Revista Pedagógica. Ano IV, Nº. 15, p.58-61, nov. 2000/jan. 2001. ISSN 1518-305X.





Uma das interdisciplinas que mais me encantou no ano passado foi sem dúvida a de Educação de Jovens e Adultos. Durante todo o semestre e a cada texto lido fui fazendo comparações entre a EJA e a Educação Infantil, dois universos tão distantes, mas ao mesmo tempo tão iguais.  Muitas vezes esta confrontação se deu com aspectos bem diferentes, mas que traziam, ao menos para mim, certa igualdade quando levado  em conta o sentimento que despertavam.
Eu lembro que ao ler os textos que resultaram na postagem aqui revisitada, pensei nas crianças pequenas e em certas situações que, infelizmente, às  vezes presenciamos em outras ficamos sabendo. No decorrer dos textos se fala da inadequação da escola no atendimento aos alunos da EJA e da necessidade de se conhecer este aluno na sua plenitude. Neste momento penso nos pequenos e nas muitas vezes em que estes também se deparam com um atendimento inadequado às suas necessidades e aqui não falo só das necessidades cognitivas, mas também das emocionais e de educadores que não buscam conhecê-los em suas vivências fora da escola.
Não é segredo que muitas vezes nos deparamos com educadoras que desconhecem completamente a história de seus alunos, mas que se dão ao direito de fazer comentários, principalmente nos corredores e sala dos professores, sobre os “pitis” que os alunos tiveram na sala, sobre o “mal” comportamento deste ou daquele; das observações sobre a falta de higiene, ou que cobram efusivamente das mães que mandem roupas extras na mochila e o que é pior: crianças que não recebem um olhar uma atenção especial no seu tempo e dificuldade de aprender, sob a desculpa do: “este não entende nada"!
Quando observo este tipo de conversa ou fico sabendo sempre me pergunto: Será que esta educadora buscou saber o que ocorre dentro da casa desta criança? Como são as relações de afeto ou a falta dele? Será que esta família tem condições de banhos diários? Será que há roupa suficiente para vestir e também mandar extra na mochila?
Penso que neste momento entra a tão citada “prática do respeito”: respeito pela individualidade de cada aluno, por suas especificidades; respeito pelas suas vivências, pelas suas experiências e a falta delas. Mas principalmente o respeito pela capacidade deste aluno.


            


O escutar e o deixar falar






Relendo minha postagem sobre os temas geradores e refletindo após o estágio, reafirmo o quanto os princípios por ele apontados em seu método de ensino-aprendizagem são fáceis de identificar dentro da educação Infantil.  Não se faz Educação Infantil sem escutar e sem lhe dar voz às crianças, e 
este escutar significa também procurar saber sobre sua história. Penso que é neste momento que aprendemos e ensinamos os pequenos, mediando suas descobertas e lhes dando autonomia para colocar suas curiosidades.
Penso que o de que mais me vali na obra de Freire, foi em relação à práxis. Durante a realização do estágio, este foi sem dúvida o exercício mais realizado: refletir. E vejo que esta foi uma das coisas que o curso me trouxe, a possibilidade de refletir com embasamento teórico que desse sustento a minha prática. Quando da escrita do TCC, novamente mais um exercício de reflexão, que penso contribui muito para que eu busque aperfeiçoar o meu dia a dia em sala.


terça-feira, 23 de abril de 2019

Balanço e reflexão é sempre hora!





Relendo esta postagem e revendo o vídeo, novamente me remeto ao estágio recém-terminado e penso como é bom poder olhar o que fez e o que se faz e de cabeça erguida afirmar: que bom que faço o que faço. E agora depois destes 4 anos estudando, buscando mais do que o ofertado nas interdisciplinas, pesquisando por caminhos indicados em um ou outro texto posso dizer que faço não de forma diferente, mas com certeza mais consciente de que meu fazer pedagógico é um fazer que modifica, que respeita, que dá sentido ao que faço, mas principalmente dá e traz sentido para meus pequenos. Claro que no caminho errei, todos erramos, claro que muitas vezes esta ou aquela expectativa foi frustrada, que em algum momento o planejado saiu às avessas, mas de uma coisa posso me orgulhar: eu busquei o meu melhor. Eu tive em mente sempre o respeito pelos meus pequenos, por suas necessidades, seus interesses, seus saberes.
Todas as vezes que tracei objetivos e propósitos nos meus planejamentos busquei ter clara com que intencionalidade o fazia. Toda a vez que propus esta ou aquela experiência, que escutei o que queriam fazer, a cada momento que fiz uma intervenção, que organizei os materiais e os espaços o fiz buscando este respeito. E assim estou chegando ao fim de uma faculdade que não havia sido planejada, mas que se fez necessária pelo respeito que devo a cada uma das crianças com quem aprendi e para quem ensinei.