domingo, 14 de junho de 2015

Estou em dívida comigo mesma, prometi-me postar no Blog, ao menos uma vez por semana, mas ficou difícil.
Até tive material para isso, mas confesso que o tempo ficou curto. Mudanças na escola, muito texto para dar conta e não atrasar as postagens das interdisciplinas. Mas “bora” lá, tudo isso explica, mas não justifica.

Escutando e refletindo com Zabalza.

No mês de maio participei de um Seminário Científico, promovido pelo CID (Centro Integrado de Desenvolvimento) e intitulado: A escola como espaço de vida e aprendizagem, conduzido pelo Dr. Miguel Zabalza.
O seminário tratou de muitas questões que estamos vivenciando e discutindo nas aulas.
O professor iniciou sua fala com este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=mR3DzRMob-c

Falou da pedagogia da emoção, destacando o quanto são importantes as inovações na educação, mas ressaltou que não se pode fazer trocas em tempos curtos, é preciso tempo e forma para que elas se consolidem.
Zabalza falou sobre a escola ser um lugar aonde vamos para viver, como um local de harmonia em todas as relações.
Nos fez refletir sobre questões como: função educativa, qualidade de ensino, desenvolvimento, currículo, família e educadores dentro deste espaço de vida e aprendizagem, onde  todos estes fatores devem ou deveriam estar entrelaçados e em harmonia para que esta escola tenha, antes e além de tudo, um contexto enriquecedor.
Falou de um currículo como projeto de enriquecimento e não conteúdos e mais conteúdos despejados sobre nossas crianças.
Esta fala dele me remeteu a questão da dispersão, pois acredito que muitas vezes, se não na maioria delas, esta dispersão do aluno se dá neste momento de “despejo” de conteúdos que nada significam ou despertam curiosidades.
Se nossa escola fosse realmente viva e enriquecedora, penso que nossos alunos seriam despertados para a curiosidade e assim para o aprendizado.
Temos culpa de uma grade curricular estanque e fechada em conteúdos? Sim penso que temos, pois lutar por mudanças, pode ser difícil e doloroso, às vezes, mas podem trazer resultados, mesmo que em longo prazo.
Mas acredito naquela máxima “de um limão, uma limonada”. Se for preciso ensinar conteúdos maçantes, cheio de dados, gráficos e que quase sempre  aparentam não ter ligação com nada nem com ninguém, por que não tentar fazer isso de uma forma mais sensível, mais agradável, mais próxima de nossos alunos.
Lembro-me de uma questão no meu primeiro vestibular, só respondida corretamente por que me lembrei de uma professora de história lá da quinta série; ela riscava todo o quadro fazendo ligações entre os fatos históricos que nada tinham a ver conosco, com coisas que vivíamos no nosso dia a dia, confesso ficou bem mais fácil e interessante conhecer a história do mundo. Naquela época, para mim, este terminava no limite entre Osório e Santo Antonio da Patrulha. 
Quando lançamos  questionamentos como: “Será que a escola enriquece realmente as crianças?” "Vale a pena ir à escola"?
Devemos refletir sobre os conteúdos e fazer uma diferenciação entre conteúdos pobres x conteúdos empobrecedores; entre conteúdos ricos x conteúdos enriquecedores.
Pergunto-me: será que, muitas vezes por acomodação, não tornamos empobrecedores ricos conteúdos?  Será que não podemos enriquecer pobres conteúdos?
Fica esta questão lançada aos professores dos  anos onde conteúdos são claramente balizados.
Marcou-me  a fala de Zabalza quando ele afirma que a escola só existe verdadeiramente quando tem por objetivo enriquecer a criança, a família, a comunidade e principalmente a nós educadores.
A visão de uma escola onde a qualidade educativa envolva processos educativos com garantias reconhecíveis, com resultados para todos, com infraestrutura e com um bom clima de trabalho, nos faz pensar.

No ponto mais importante para mim e onde trabalho, a Educação Infantil; Zabalza citou o processo enriquecedor neste nível de aprendizagem fundamentado em três fatores:
  • Potencial e desenvolvimento equilibrado;
  • Compensar desequilíbrios de origem social e familiar;
  • Propiciar novas modalidades de encontro:
- consigo e com outras pessoas;
- com as coisas e objetos (e seus usos);
- com as notícias e acontecimentos;
- com outras formas de pensar e agir
- com outras perspectivas de cotidiano.

Sua palestra foi encerrada com três grandes questões:
  • Será que a escola pode levar a cabo esta missão de enriquecimento?
  • Será que a escola pode oferecer isso a todas as crianças?
  • Estamos, nós, os professores, em condições de conduzir esse processo?

Digo para vocês, ainda estou digerindo tudo que tenho lido, escutado e discutido; e se fosse responder hoje estas questões, não gostaria muito das respostas.
Por isso só vou respondê-las quando puder analisar bem tudo que envolve estas questões e puder se não resolvê-las, ao menos apontar ou criar uma grande discussão em torno delas.


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