O artigo parte do princípio que o Brasil não pode ser uma
democracia racial, uma vez que negros (particularmente) e índios foram
excluídos do processo histórico de desenvolvimento econômico e social do país,
tendo em vista que os primeiros vieram substituir os segundos dentro da
política de escravidão da época colonial. As grandes metrópoles da época como
Portugal estavam profundamente envolvidas com o comércio e tráfico de etnias
africanas visando à mão de obra barata para o sistema de cultivo instalado no
Novo Mundo (leia-se América, e no caso de Portugal, especificamente o Brasil).

Quando
da abolição da escravatura no Brasil, já de forma tardia em relação à outras
nações americanas, não foi mais favorável aos negros escravos e seus
descendentes que continuaram a ser estigmatizados e excluídos. Tendo pouco ou
quase nenhum acesso à educação básica, sofreram até recentemente forte
discriminação em relação à sua capacidade cognitiva, embora reconhecidos por
sua constituição física vantajosa em relação aos brancos de origem europeia.
Uma vez
que toda a estrutura da sociedade pós colonial valorizava a “branquitude” como
positiva e evolutiva, reconhecendo essa superioridade como inconteste e aquela
que deveria promover o desenvolvimento efetivo da nação recém constituída,
negros e índios foram relegados à posição inferior no ranking social, tanto no
aspecto “racial” (no conceito que se tinha de raça à época) como no aspecto
econômico (da pobreza ou miséria, decorrente dessa própria visão de mundo e do
abandono e falta de políticas de inclusão).
Como a
autora bem o relata, houve uma tentativa de “branqueamento” das populações
nativas africanas e americanas através de uma visão de mundo onde de forma
violenta até se promovia a educação e a cultura das sociedades europeias, seus
valores e princípios, considerados como únicos e verdadeiros.

Referência:
SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e. Aprender, ensinar e
relações Aprender, ensinar e relações étnico-raciais no Brasil étnico-raciais
no Brasil.Porto Alegre/RS, ano XXX, n. 3 (63), p. 489-506, set./dez. 2007
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