sábado, 18 de maio de 2019

o fazer a diferença



            Este ano repito uma experiência que tive em  2017, ter uma turma de crianças de 20 crianças que estão tendo pela primeira vez contato com a escola. Novamente um desafio instigante e prazeroso.  Já com mais experiência e coberta pelos estudos, iniciei o ano com uma sala repleta de elementos conhecidos pelas crianças, bonecas, carrinhos, panelinhas, folhas brancas e giz de cera, colocados a sua disposição e à vista. Passado o período de adaptação percebi que já era hora de lançar a eles novos desafios, e como estão ali para brincar e interagir a resolução foi: vamos trazer novos brinquedos, novas formas de brincar, outros elementos que estejam presentes não no seu dia-a-dia, mas que instiguem a curiosidade e as novas descobertas.
Em uma segunda-feira ao chegarem à sala, encontraram uma ou duas bonecas, dois ou três carrinhos dentro dos nichos, a novidade estava sobre os balcões:
  • cestas com galhos e tocos de madeira;
  • caixas com cones, canos plásticos, molas;
  • panos de todos os tamanhos e cores;
  • papeis coloridos, grandes e pequenos, lixas, jornal, retalhos de papelão, no lugar das folhas brancas;
  • na gaveta ao lado do giz de cera, canetinhas hidrocor, lápis grafite, lápis de cor, caneta esferográficas, tintas e pincéis.
Foi bem interessante observar as carinhas de surpresa e o não saber o que fazer com aqueles elementos, alguns conhecidos, mas não para brincar! Foi um começo tímido, um brincar meio desconfiado, uma exploração lenta, mas intensa. Pudemos registrar neste período suas descobertas, seus experimentos em unir estes elementos para as construções. Teve até uma das meninas que enrolou um toco um pouco maior e saiu embalando, como se fosse uma boneca.
Passado este primeiro momento de experimentação, o que posso registrar é que não há mais como tirá-los da sala, pois eles foram completamente incorporados nas brincadeiras, nas experiências das crianças. Resta agora sim, a busca por diferentes elementos.
Penso que este gesto simples de proporcionar brincadeiras e descobertas com diferentes objetos tem auxiliado em um processo para uma  aprendizagem completa.  Como nos diz Becker e Marques a aprendizagem é um processo de desenvolvimento e deve ser construído em uma escala evolutiva de níveis mais simples para os mais complexos. E que como mediadores devemos buscar enriquecer este processo de desenvolvimento e uma destas formas é na busca de recursos que tenham significado.
“Formular questões desafiadoras e que, ao mesmo tempo, estão dentro das possibilidades do sujeito é uma forma de educar que contempla, simultaneamente, a aprendizagem do ponto de vista cognitivo e, além disso, satisfaz a dimensão afetiva do processo de aprendizagem.”

 Outra questão levantada no texto é a respeito da afetividade e da sua importância no processo de construção do conhecimento que tem por consequência a aprendizagem dos pequenos. E com certeza há um grande contentamento e afetividade em brincar e aprender.


Referência
BECKER, Fernando; MARQUES, Tânia B. I. Aprendizagem humana: processo de construção.Texto publicado na Pátio. Revista Pedagógica. Ano IV, Nº. 15, p.58-61, nov. 2000/jan. 2001. ISSN 1518-305X.



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