quinta-feira, 31 de maio de 2018

Educar um ato político


             Muito se engana quem não acredita que o ato de educar é essencialmente político.
            Quando nos deparamos com o texto de Santomé, e este nos expõe a comparação sobre o compartilhamento dos saberes dentro das nossas instituições de ensino com os modelos de produção, podemos perceber que sim, o ato de ensinar é político e por tanto também nos cabe como educadores tomar posição sobre o que queremos para nossos alunos e também o que acreditamos ser verdadeiramente o nosso fazer pedagógico.
            Muitas vezes mudar as estruturas presentes em nossas escolas, como os currículos engessados, os conteúdos fragmentados, pode não ser fácil, mas merece uma boa luta. Penso que se dentro de nossa sala de aula mantivermos posições que transgridam este fazer sempre igual, se proporcionarmos a nossos alunos uma visão mais ampla, mais integrada e uma prática interdisciplinar poderemos de alguma forma conseguir vencer este “ranço” educacional que ainda insiste em se fazer presente em nossas escolas.
            Não resolve usar no discurso um ”palavreado” bonito e moderno, sobre a interdisciplinaridade, currículo integrado, qualidade de ensino, trabalho em equipe, se mantivermos na prática o “cola e copia” de um ano para o outro de textos e atividades, se ainda agirmos como se fossemos os únicos detentores de algum saber, se virarmos as costas aos anseios e curiosidades de nossos alunos, por que foge do planejamento e é preciso “vencer” a planilha de conteúdos. Não podemos ter em nosso discurso as belas frases como: ”Não, eu acredito que devemos fazer a diferença”!, “É preciso investimento na educação”, se na prática nos reunimos na sala de reuniões sem questionar, sem discutir com nossos pares, nossas ações pedagógicas, sem tentar mostrar que sim, estamos fazendo diferente em sala e estamos ali, sem medo, para dividir nossas experiências e buscar aliados pela causa. Se só participamos de formação continuada, quando estas existem, se houver convocação e a possibilidade de levar uma falta, se na prática nada estamos fazendo, quando no caso da Educação de Porto Alegre perdemos as 8 horas de formação mensal, que já eram poucas e agora temos no máximo 4 aos sábados ou 2 horas após o expediente.
            Se dentro de nossas escolas e salas de aulas conseguirmos fazer com que o diálogo entre professor x professor , professor x aluno, aluno x aluno, exista de fato poderemos, com certeza, fazer de nossa docência a diferença e também contribuir para que a autonomia de nossos alunos seja realmente concreta e eficaz proporcionando que a construção do seus conhecimentos e saberes corram paralelamente à construção da sua história e da sua visão de mundo.

Um comentário:

  1. Jaque, muito boa a tua reflexão e a correlação teoria e prática.
    Tuas escritas estão com muita qualidade. Parabéns!

    Att, Katielle de Oliveira Felix de Sena
    Tutora de Seminário Integrador
    Turma E- Eixo VII

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