sábado, 2 de junho de 2018

Descobertas sobre a EJA


            As leituras dos textos de Marta Kohl de Oliveira, Patrícia Guimarães Vargas e  Maria de Fátima Cardoso Gomes são bem marcantes quando nos mostram quem é este aluno da EJA. Estes jovens e adultos tão bem retratados nos textos muitas vezes nos passam despercebidos mesmo que estejam, de uma forma ou outra, em contato conosco.
            Nos dois textos podemos perceber que estes adultos, que entram ou retornam aos bancos escolares, são sujeitos normalmente migrados do interior, com uma frágil condição socioeconômica, que tiveram bem pouco ou quase nenhum incentivo a frequentar a escola quando pequenos, que tem um subemprego e que buscam na escolarização uma oportunidade para melhorar, principalmente a sua condição no emprego ou para poder ir à busca de uma oportunidade melhor.
            Diferente deste adulto, o jovem já é uma figura urbana que embora também tenha sido excluído da escola pertence a uma comunidade mais letrada. Seu tempo dentro da escola normalmente foi maior, seu trabalho já é um pouco melhor, embora ainda possa ser um subemprego, mas percebe-se que o uso da força física e bruta é menor, o que muitas vezes pode lhe permitir um maior aproveitamento destes estudos.
              Sabemos que o cenário de dificuldades destes Jovens e  Adultos  incluem ainda, além da situação de excluídos da escola, a inadequação desta no atendimento a estes indivíduos, no que tange ao currículo, programas, métodos de ensino, mas principalmente à linguagem escolar que são símbolos e regras que não são do conhecimento daqueles que não a frequentam.
            Penso que o primeiro dos conceitos fundamentais para a prática docente da EJA seja, sem dúvida, o conhecer e reconhecer estes alunos enquanto sujeitos da sua própria história e com direito a uma educação que lhes permita produzir conhecimento como parte formadora do exercício da sua liberdade. E para isso é preciso que se conheça o contexto onde vivem estes alunos, suas histórias, suas identidades  e com isso alcançaremos outro ponto importante que é saber o que estes alunos trazem consigo enquanto bagagem de conhecimento, suas aprendizagens, suas competências.
             O diálogo professor/aluno, a interação e colaboração entre professor/aluno, aluno/aluno, motivação, organização do espaço da escola visando uma prática de respeito a partir do entendimento, da vivência e das experiências deste aluno da EJA. A provocação por parte do professor para que este aluno faça uma leitura critica do mundo e a disposição deste professor em buscar contextualizar a vivência deste aluno são fundamentais para que esta seja uma educação bem sucedida. Na interação entre estes fatores surge um processo de desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem que é peculiar para cada indivíduo e a isso devemos valorizar sempre. A individualidade e o modo de aprender de cada um de nossos alunos, suas particularidades e especificidades devem ser sempre respeitadas por aquele educador que realmente acredita que seu aluno é capaz de construir seu conhecimento, sua história e também construir o mundo.



Referências



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